Durante o ato, Presidente tossiu várias vezes e gritou que não estava disposto a negociar com o parlamento.
Juízes do Supremo Tribunal Federal, deputados e senadores do Congresso Nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil e outras entidades e personalidades repudiaram com viva indignação a participação neste domingo do presidente Jair Bolsonaro numa manifestação em Brasília que pediu uma nova intervenção militar no Brasil para dar o poder absoluto ao presidente, eleito democraticamente em 2018. O ato ocorreu em Brasília, junto ao Quartel-General do Exército, e nele os manifestantes pediram o encerramento do Congresso e do Supremo Tribunal através de um golpe de estado que garantisse a Jair Bolsonaro o poder absoluto, sem necessidade de ter de negociar com o parlamento e de se curvar à justiça, coisas que ele tem repetido que atrapalham o seu governo e as mudanças que ele tem tentado implementar através de decretos extraordinários depois anulados por aqueles dois órgãos.
"É assustador ver manifestações pedindo a volta do regime militar 30 anos após a democracia. Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve", declarou o juíz Luiz Roberto Barroso, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, acrescentando:"Ditaduras vêm com violência contra adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso."
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, que teve o pai preso e morto durante o regime militar, também criticou a participação de Bolsonaro na manifestação. Ele considerou que, ao participar num ato pedindo uma intervenção militar, Bolsonaro fez uma declaração de guerra aos outros poderes e à democracia, como se tivesse atravessado o Rubicão, antigo nome de um rio no norte da Itália que separava Roma do território vizinho e cuja travessia significava declarar guerra ao povo do outro lado.
"O presidente da República atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, é hora de os democratas se unirem, superando dificuldades e divergências em nome do bem maior, a liberdade", afirmou Santa Cruz.
Outra das muitas vozes que se insurgiram com indignação contra o ato de Bolsonaro foi o senador Randolfe Rodrigues, que lamentou a ida de Bolsonaro a um ato pedindo o fim da democracia, ainda mais num momento em que o chefe de Estado devia estar a comandar um esforço nacional contra a pandemia de Coronavírus que já matou mais de 2400 pessoas no Brasil e infetou 39 mil. "Enquanto enfrentamos a pior crise da nossa geração, com a capacidade do sistema de Saúde comprometida, pessoas morrendo e casos aumentando, Bolsonaro vai às ruas, além de aglomerar pessoas, atacar as instituições democráticas. É patético. Pessoas que vão às ruas pedir intervenção militar devem ser punidas no rigor da lei. Tal como Bolsonaro, que ao invés de presidir está ao serviço do caos e da morte", manifestou o senador.
No ato realizado este domingo em Brasília, e no qual Bolsonaro, em cima de uma camioneta e tossindo várias vezes, gritou que não estava disposto a negociar nada (com o Congresso ou com o Supremo), faixas pediam abertamente a volta do regime militar, que governou o Brasil entre 1964 e 1985 e deixou um rasto de sangue no país. Um dos gritos mais ouvidos na manifestação enquanto Bolsonaro sorria e por vezes aplaudia, era "AI5!, AI5", uma alusão ao Acto Institucional número 5, um decreto de exceção feito pelo regime militar em 1968 que fechou o Congresso e o Supremo, proibiu os partidos, instituiu a censura e permitiu que qualquer pessoa fosse presa por tempo indeterminado e sem apresentação de motivo.
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