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Terror, ritmo e sensualidade no desfile das escolas de samba São Paulo

Festa começou à noite e só terminou na manhã deste sábado.

10 de fevereiro de 2018 às 16:39

O mundo do terror, nas imagens do cinema ou na imaginação, e o samba, o mais tradicional ritmo brasileiro, marcaram a primeira noite de desfiles das escolas de samba da cidade brasileira de São Paulo, que começaram na noite desta sexta-feira e só terminaram com o sol já alto na manhã deste sábado. Pelo Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista, também passaram muitas mulheres bonitas, caprichando na sensualidade tanto as que desfilaram nas escolas de samba, entre elas famosas como as actrizes Ellen Rocche e Viviane Araújo, quanto anónimas que nas arquibancadas assistiram a tudo até ao último minuto com um entusiasmo que nem o passar das horas nem o cansaço fizeram esmorecer.

As imagens de terror, algumas mais assustadoras, outras mais sofisticadas e até algumas com recurso a tecnologia, deram o tom a todo o desfile da Escola de Samba Independente Tricolor, formada por adeptos do clube de futebol São Paulo, que este ano estreou no primeiro escalão dos desfiles apresentando um enredo sobre a história do cinema de terror, com uma homenagem especial ao realizador Zé do Caixão, um ícone do género no Brasil. A Independente Tricolor foi a primeira escola a desfilar, ainda na noite de sexta-feira, mas o terror voltou a estar presente, com máscaras assustadoras, esqueletos e outros símbolos, em alas ou carros alegóricos de outras três escolas de samba, a Académicos do Tatuapé, campeã no ano passado, a Académicos do Tucuruvi e a Rosas de Ouro.

O samba, por seu turno, foi destaque em duas escolas de samba, que lhes dedicaram os seus enredos e mostraram, pela adesão do público às letras entoadas pelos passistas, que o centenário ritmo levado para o Brasil pelos escravos africanos está cada vez mais vivo. A Escola de Samba Unidos do Peruche homenageou no seu enredo o lendário sambista Martinho da Vila, que completa 80 anos segunda-feira e desfilou no alto do último carro alegórico sob uma chuva de aplausos contínuos, enquanto a Mancha Verde, escola de samba formada por adeptos do clube de futebol Palmeiras, relembrou a trajetória de outro ícone do samba, o grupo Fundo de Quintal, com os seus atuais integrantes a desfilarem também e igualmente a serem homenageados pelo público que lotava as arquibancadas.

A Académicos do Tucuruvi, tradicional escola de samba da zona norte da cidade, fez um desfile bonito e técnico mas meramente simbólico, pois não será pontuado pelos jurados, desenvolvendo sob muitos aplausos emocionados um enredo sobre os grandes museus do mundo. Dia 4 de Janeiro um incêndio de grandes proporções destruiu o barracão da escola e mais de 90% das fantasias e dos carros alegóricos da agremiação, e por acordo entre as outras escolas e a entidade que rege o Carnaval de São Paulo ela não poderá ser rebaixada este ano.

Vencedora no ano passado, a Escola de Samba Académicos do Tatuapé levou para a avenida um enredo desenvolvido de forma bem harmoniosa sobre as famosas belezas naturais, a gastronomia e a música do estado do Maranhão, no nordeste do Brasil, tendo arrepiado e empolgado o público com as chamadas "paradinhas" dos seus ritmistas, que paravam de tocar de repente, enquanto os milhares de passistas da escola e o público continuavam a cantar o samba. A Rosas de Ouro, uma das escolas de samba mais tradicionais de São Paulo, voltou a mostrar que não brinca em serviço desenvolvendo um riquíssimo enredo sobre a vida dos camionistas, dando especial ênfase à importância do fenómeno da música sertaneja no dia a dia de quem vive nas estradas transportando as riquezas do Brasil.

Última escola a desfilar nesse primeiro dia, já na manhã deste sábado, a Tom Maior levou para o Sambódromo do Anhembi as histórias de duas Leopoldinas famosas, a Imperatriz Leopoldina, mulher do Imperador D. Pedro, e a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, uma das mais conceituadas do Rio de Janeiro. Na madrugada deste sábado para domingo desfilarão as outras sete escolas do principal grupo de São Paulo, X-9 Paulistana, Império da Casa Verde, Vai-Vai, Gaviões da Fiel, Mocidade Alegre, Dragões da Real e Vila Maria.

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