104 vítimas de exploração sexual acusam a MindGeek, sediada no Canadá, de violar a legislação canadiana sobre a proteção de crianças.
Mais de 100 vítimas de exploração sexual apoiadas por mais de 500 organizações não-governamentais (ONG) pediram ao Canadá uma investigação criminal à empresa-mãe da plataforma pornográfica PornHub, criticada por lucrar com a divulgação de conteúdos ilegais.
Através de uma carta a que a France-Presse (AFP) teve acesso na quinta-feira, um total de 104 vítimas de exploração sexual, que contam com o apoio de 525 ONG de 65 países, acusam a MindGeek, sediada em Montreal, no Canadá, de violar a legislação canadiana sobre a proteção de crianças.
"Pedimos ao Governo do Canadá que incentive a Real Polícia Montada do Canadá a conduzir uma investigação criminal completa à MindGeek (...). Descobrimos, em 05 de fevereiro de 2021, que os depoimentos dos executivos da MindGeek, Feras Antoon, David Tassillo e Corey Urman, foram particularmente chocantes por não terem assumido a responsabilidade pelas destruição de inúmeras vidas de vítimas durante a última década", escreveram os signatários desta missiva.
Em fevereiro, os responsáveis pela plataforma de conteúdos pornográficos PornHub não conseguiram responder às questões dos deputados canadianos sobre a razão pela qual foi distribuída pornografia infantil e conteúdos de violações naquele 'site', e sobre o atraso na retirada destes conteúdos.
O dirigente do grupo responsável por esta e outras plataformas pornográficas, Feras Antoon, e o diretor de operações, David Tassillo, assim como o vice-presidente da empresa, Corey Urman, estiveram a responder às questões dos parlamentares do Canadá sobre as acusações lançadas em dezembro pelo The New York Times.
Apesar de se autointitularem líderes éticos do setor, os responsáveis não conseguiram responder às questões-chave dos deputados, como, por exemplo, a razão pela qual várias mulheres acusam o 'site' de demorar meses a retirar fotografias e vídeos em que são violadas e torturadas. Uma das mulheres que apresentou uma denúncia contra a plataforma disse que tinha 13 anos nos conteúdos divulgados.
Durante a audição no parlamento canadiano, Feras Antoon disse que estava "devastado com o que aconteceu com as vítimas destes horrendos atos".
"Este tipo de material não tem lugar na nossa plataforma e é contrário aos nossos valores e modelo empresarial", completou o dirigente do grupo ao qual pertence o PornHub.
A MindGeek, uma empresa com cerca de 460 milhões de dólares (mais de 381 milhões de euros) anuais e registada legalmente no Luxemburgo, com filiais no Chipre e na Roménia, mas que tem a rede real em Montreal, no Canadá, e onde trabalham 1.000 dos cerca de 1.800 funcionários da empresa.
A polémica 'estalou' depois de um artigo publicado no The New York Times do jornalista norte-americano Nicholas Kristof -- vencedor de dois Pulitzer -, que acusava a plataforma de estar "infetada com vídeos de violações", de "violações infantis, pornografia de vingança", de mulheres a serem espiadas enquanto tomavam banho, assim como conteúdos racistas e misóginos, entre outros conteúdos criminosos.
Depois da publicação do no diário norte-americano, as empresas de processamento de pagamentos e de cartões de crédito Visa e MasterCard anunciaram que deixaram de processar o pagamento nos 'sites' da MindGeek, apesar de esta proibição ter sido, entretanto, limitada apenas ao PornHub, deixando de fora as restantes plataformas do grupo que trabalham com atores pornográficos profissionais.
Depois desta decisão, o PornHub iniciou um processo maciço de retirada de milhões de vídeos e reformulou as medidas de segurança. O 'site' que tinha 13,5 milhões de conteúdos passou a ter três milhões.
Antoon e Tassillo declararam que a retirada de 10,5 milhões de vídeos da plataforma mostra "a evolução" do 'site' para garantir que apenas conteúdo legal é publicado pelos utilizadores.
Contudo, os deputados quiseram saber a razão pela qual os funcionários da empresa só retiraram os conteúdos criminosos depois da publicação do artigo no The New York Times e das ações das empresas de cartões de crédito. Neste caso, ambos foram incapazes de dar uma resposta coerente.
O responsável do grupo apenas respondeu que a presença de pornografia infantil na plataforma faz com que "percam dinheiro" e "arruína a marca" que estão a "construir há anos".
O diretor de operações também não deu explicações concretas quando questionado sobre as declarações dadas minutos antes por Serena Fleites, que denunciou que um vídeo sexual seu quando tinha apenas 13 anos foi publicado na plataforma.
Fleites disse aos deputados que a permanência do vídeo em questão, apesar dos pedidos constantes da vítima para o retirar, fez com que fosse chantageada inúmeras vezes, provocando-lhe depressão e levando ao consumo de estupefacientes.
Quando finalmente foi retirado, o vídeo já tinha sido descarregado e partilhado inúmeras vezes.
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