A liberdade de expressão não é pêra doce. A liberdade de expressão é um hambúrguer com eriçadas espinhas, é uma bola de Berlim azeda. A liberdade de expressão assusta e enfurece. O assassinato de Charlie Kirk é a prova disso mesmo. Era, dizem, um tipo de extrema-direita. E agora, usando a minha liberdade de expressão, digo que estou de acordo com o que um comentador inglês arriscou: na verdade, Charlie Kirk era um antifascista.
Estou pelos cabelos que ainda tenho, com o uso da acusação de "fascista". Kirk debatia, perorava, inflamava-se sempre usando a racionalidade. Kirk argumentava, contraditava, expunha razões: a racionalidade não é, nunca foi "fascista". A liberdade de expressão é o direito tanto de defender como atacar o aborto ou o uso de armas ou se um homem com um pénis pode ou não ser uma mulher. A liberdade de expressão não é refresco que se sorva por uma palhinha.
E já agora, que me meti à estrada, "fascistas" seriam então os activistas de esquerda que na Universidade de Columbia – em cartazes que ostentavam com orgulho – chamavam a Israel e aos judeus a "escória das nações e os porcos da Terra". "Fascistas" seriam os que se alinham, com suásticas incluídas, com o neonazismo do Hamas. E não, não são fascistas, são só idealistas idiotas inúteis.
A liberdade de expressão é um caminho para o calvário e Charlie Kirk acabou na cruz, a lança do legionário espetada no coração. Servir-nos-á a lição para alguma coisa? E a lição tanto é para a esquerda como para a direita.
Hoje, a ultrapolarização da discussão pública, incluindo a da Imprensa e televisão, exige aos intervenientes (ou eles supõem que lhes exigem) um hiperbólico maniqueísmo. O adversário tem de ser trucidado e tem de ser o representante do mal na Terra – o porco!
A criança que ainda há em mim sonha recuperar uma certa candura pluralista – ser de esquerda é bom, ser de direita é bom. Este meu pendor angélico parecerá ridículo. Mas quando um cobarde tiro de carabina mata o homem livre que fala, até um triste tipo como eu ganha asas.
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