Não se percebe muito bem se Pedro Passos Coelho aprende com os erros. É verdade que mostrou saber brincar consigo próprio, prometendo a chegada dos Reis Magos em Janeiro, numa referência irónica à sua previsão falhada da vinda do Diabo em Setembro. Só que logo a seguir lembrou-se de fazer uma nova previsão, agora sobre outra crise, embora (vá lá…) tenha revelado o bom senso de não marcar data.
Mas não seria melhor deixar a astrologia política para começar a apresentar algumas ideias?
É verdade que Passos Coelho teve de se confrontar com inovações constitucionais inesperadas, como seja aquela que levou a que o partido mais votado não ficasse a governar. E também a de um Presidente da República que faz tudo o que um Presidente não deve fazer: diz bem do Governo, diz mal da oposição, dá notas a uns e outros, explica a situação da banca, avalia orçamentos… Tudo aparentemente subordinado a uma ideia principal: destruir a chefia de Coelho no PSD. Mas isto não basta para justificar o desastre recente. O PSD nem sequer é capaz de apresentar um candidato à Câmara de Lisboa. Diz que tem tempo. Excelente: talvez o apresente lá para Março, depois das obras terminadas e quando já toda a gente tiver perdoado Fernando Medina, em vez de aproveitar o actual descontentamento para afirmar a pessoa escolhida. Ou então, supremo desespero, terá de atrelar-se à candidatura de Assunção Cristas.
Na verdade, Passos Coelho é uma vítima da geringonça. Ele julgou que a geringonça faria o seu trabalho de oposição desintegrando-se. Ou então que seria a Europa a fazê-lo, condenando as contas da geringonça.
Pois nada disso aconteceu e agora Coelho insiste no papel de Sebastião catastrofista: eis o salvador, que um dia virá limpar os estragos de Costa & Companhia.
Não admira que todos os dias saltem da toca várias toupeiras do PSD: cheira-lhes a cadáver.
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