João Pereira Coutinho

Cães amestrados

25 de fevereiro de 2015 às 00:30
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Existem duas escolas de pensamento. A primeira, solene e pretensiosa, diz-nos que ‘50 Sombras…’ fez sucesso porque revelou o lado negro – ou, melhor dizendo, o lado cinza das mulheres, que apreciam homens dominadores e com talento para usar o chicote. A segunda, desesperada e hilariante, confessa que esperava mais: mais sexo, mais emoção, mais "história".

Nenhuma destas escolas faz justiça ao produto. Porque ‘As 50 Sombras de Grey’ é um produto. De marketing. E que obedece com rigor às leis do negócio: cria expectativas; esconde as cartas do jogo; e quando finalmente as revela, descobrimos que era tudo "bluff". Mas então é tarde – e o otário já está dentro da sala, com a carteira mais vazia.

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No fundo, o verdadeiro sadomasoquismo não está no livro – ou no filme. Está em todos nós, que salivamos de submissão porque alguém promete um biscoito de transgressão. 

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