Exige-se um pouco mais

A ministra da Justiça apontou a gravidade dos factos em Vale de Judeus, mandou fazer auditorias, aceitou duas demissões. Tudo certo. Quanto ao mais disse que o seu silêncio, nos primeiros três dias, em “nada representa o não acompanhamento” do episódio. Neste caso, esta é a perspetiva errada. A ministra deve acompanhar as polícias e os serviços sob a sua tutela com evidente recato. Mas tem a obrigação de falar ao público por razões de prudência, prevenção geral, informação básica à população, evitar o alarme social, assunção de responsabilidade, respeito pelos portugueses e pelos profissionais da Justiça e segurança interna. Por si própria ou por alguém da sua equipa, o Governo tem de dar a cara. Não é “comentário político” nem “falar por falar”, é mesmo uma obrigação básica do poder. Não é aceitável que a reação dos poderes públicos a uma evasão destas se resuma a um anódino comunicado, no dia, e a uma conferência de imprensa das forças de segurança 24 horas depois. De qualquer modo, se a ministra da Justiça e o Governo convivem bem com a ideia de que “os serviços gerais” e a própria titular da pasta só sejam informados duas horas e meia depois, estamos conversados. Não se vislumbra onde está a preocupação com os portugueses e com a tranquilidade pública. Mais de 150 dias depois da posse, exige-se um pouco mais a este Governo e a esta ministra.