O ‘Tutti Frutti’ paira sobre o sistema político, mas não só. Houve quem aproveitasse as falhas da investigação – e são graves – para voltar a atacar o Ministério Público. É certo que a gestão inicial deste caso foi um desastre. Uma procuradora fez o que quis, sem palavra da hierarquia. A mesma procuradora que mandou a PSP vigiar jornalistas e as suas fontes. De qualquer modo, não se iludam. Este caso retrata velhos vícios dos partidos de poder. Habituaram-se a gerir as autarquias como coisa deles, deixaram criar poderosos sindicatos de voto e influência que escolhem os candidatos a bel-prazer, rotinaram as negociações de candidaturas, lugares, avenças entre si.
Nos últimos anos, com o aumento de poder financeiro e competências das autarquias mais populosas, passaram a dispor de um vasto e apetecível bolo para gerir entre clientelas. Os esquemas mostrados por esta investigação, que abanaria o regime ‘Tutti Frutti’, se não tem sido travada no início pela dita procuradora, desde logo afastando a PJ do processo, são um retrato penoso desse ‘sistema’ e do modo de funcionamento desses partidos. Um vício que vai da fruta para todos até à consideração de que a política é ‘cosa nostra’. Não se admirem, pois, do êxito das candidaturas e dos partidos populistas e antipolítica que aí andam. Têm uma estrada vazia pela frente.
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