Cavaco dá posse a Passos mas deixa recados a Costa

O Presidente da República deu esta sexta-feira posse ao Governo de Passos Coelho com um discurso cheio de advertências e exigências ao líder do PS, António Costa, que, com BE e PCP, ameaça derrubar o Executivo com a aprovação de uma moção de rejeição no próximo dia 10 na Assembleia da República.

Foi um discurso não dirigido aos membros do Governo presentes na cerimónia, mas para fora, e essencialmente de preocupação com o cenário anunciado de queda do Executivo. "Sem estabilidade política, Portugal tornar-se-á um país ingovernável. E, como é evidente, ninguém confia num país ingovernável", declarou Cavaco Silva.

De olhos postos na necessidade de compromissos, Cavaco enfatizou as balizas pelas quais um Executivo deve atuar, num evidente recado a António Costa. E as regras, para o chefe de Estado, são claras: "É imprescindível que não subsistam quaisquer dúvidas sobre a fidelidade do Estado português aos compromissos internacionais que assumiu." Um discurso interpretado por João Galamba, representante do PS na cerimónia, como um "recuo na crispação". O Presidente disse praticamente o mesmo que no dia 22, quando indigitou Passos, mas de forma mais suave, o que permitiu ao PS ficar com a ideia de uma porta aberta para a indigitação de Costa.

Contudo, Cavaco não deu nada por garantido ao PS, até porque não lhe foi apresentada, "por parte de outras forças políticas, uma solução alternativa de Governo estável, coerente e credível". Esse argumento terá sido decisivo para o tom com que falou ao País quando indigitou o atual primeiro-ministro.Clique para aceder ao Especial CM Legislativas 2015 - Portugal a votos