Pedro Nuno Santos diz que "obviamente sabia do negócio" da compra de ações dos CTT
Parpública comprou ações dos CTT através de um despacho do ministro das Finanças do anterior governo, João Leão.
O Secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, confirmou que sabia do negócio da compra de ações dos CTT pela Parpública e que concordava com as medidas tomadas.
"Em nenhum momento disse que não sabia do processo. Obviamente que sabia e obviamente concordo com aquilo que foi feito", afirmou, referindo também que não foi quem conduziu o processo.
Recorde-se que os CTT foram privatizados entre 2013 e 2014 pela governação PSD/CDS-PP em período de assistência financeira externa a Portugal.
O Jornal Económico noticiou na quarta-feira que o anterior Governo, sem o divulgar, instruiu a Parpública a comprar ações dos CTT através de um despacho do então ministro das Finanças, João Leão.
De acordo com a mesma fonte, essa "compra teve lugar após exigências do Bloco de Esquerda para aprovar o Orçamento do Estado para 2021".
Para Pedro Nuno Santos, a privatização foi "desastrosa" e a oposição devia pedir desculpas em vez de estar preocupada com 0,24% das ações. O socialista refere que a
"A privatização foi desastrosa e lesou profundamente o interesse nacional. O PSD devia pedir desculpas pelo processo de privatização em vez de estar preocupado com 0,24% das ações", disse.
Esta quinta-feira, em Braga, o líder do PSD, Luís Montenegro, classificou como uma "bandalheira" a questão da compra de ações dos CTT e acusou Pedro Nuno Santos de pretender "sacudir a água do capote" neste processo.
Pedro Nuno Santos reagiu: "Quero lamentar a forma como o líder do PSD decidiu fazer combate político".
"Há limites, temos de respeitar os nossos adversários e eu respeito Luís Montenegro. Há coisas que não faço, desde logo atribuir ao meu adversário declarações que ele não fez", completou o novo líder dos socialistas.
Em relação à opção tomada pelo então ministro das Finanças, João Leão, de comprar 0,24%, de ações dos CTT, o secretário-geral do PS esclareceu a sua posição: "Obviamente que sabia e concordo com aquilo que foi feito".
Já sobre as razões de essa operação de compra ter sido mantida em sigilo por parte do Governo, o líder do PS argumentou: "Julgo saber que essa foi uma forma de garantir que não se inflacionavam os preços".
"Não se quis anunciar publicamente, porque se pretendia evitar ter de comprar depois as ações mais caras. Os processos têm de cumprir a lei. O Estado, até a uma determinada percentagem pode fazer essa compra sem fazer uma comunicação ao mercado. E desse ponto de vista o interesse nacional foi defendido", considerou.
Já sobre as razões que levaram o Estado a não comprar posteriormente mais ações dos CTT, o ex-ministro disse desconhecer as razões dessa opção posterior.
Perante os jornalistas, o líder do PS tentou sobretudo fazer um ataque político à privatização dos CTT feita pelo executivo PSD/CDS, dizendo que essa empresa, quando era detida pelo Estado, "dava lucro".
"Hoje dá menos lucro, e esse lucro é dos privados mas não de todos nós. Quando era pública, prestava um serviço de qualidade, os portugueses gostavam e tinham carinho pelos CTT, mas, hoje, são uma empresa que não cumpre os indicadores de qualidade a que está sujeita e é alvo de queixas. O país e os portugueses não ganharam nada com essa privatização", sustentou Pedro Nuno Santos.
O líder socialista insurgiu-se também contra o modo como a privatização foi feita pelo executivo liderado por Pedro Passos Coelho, já que foi concessionado o serviço postal dos CTT e foram vendidos todo os ativos necessários para prestar esse serviço, ao contrário do acontece com as estradas ou com os aeroportos.
"A faca e o queijo ficou na mão do privado. No limite, se o privado decidir que não quer prestar o serviço postal universal, o Estado não tem como prestar, porque não tem rede. Em suma, esta foi uma privatização desastrosa e que lesou profundamente o interesse nacional", acusou.
Por isso, para Pedro Nuno Santos, "o PSD devia estar preocupado e pedir desculpas pelo processo de privatização, em vez de estar preocupado com 0,24% de ações dos CTT".
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