António Filipe enquadra possível adversário Ventura como político "da mentira, do discurso de ódio"

"Se é candidato ou não, é um problema dele. Se for candidato, aí é um problema dos eleitores", afirmou o candidato presidencial.

12 de setembro de 2025 às 13:15
António Filipe Foto: Filipe Amorim/Lusa
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O candidato presidencial António Filipe considerou esta sexta-feira que, se André Ventura também se candidatar às presidenciais, será "um problema dos eleitores", enquadrando o líder do Chega como um político "da mentira, do discurso de ódio, da intolerância".

"Se [André Ventura] se candidatar à Presidência da República, é uma decisão dele e será uma decisão dos eleitores saber se os eleitores querem ter na Presidência da República alguém que faça da mentira, do discurso de ódio, da intolerância [a sua prática]", declarou António Filipe à comunicação social, antes de um encontro com a Associação Conquistas da Revolução, em Lisboa.

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António Filipe referiu-se também a André Ventura como "alguém que pelos vistos tem dificuldade em distinguir um cidadão de um hambúrguer", numa alusão à confusão feita pelo presidente do Chega sobre a iniciativa Bürgerfest, Festa dos Cidadãos, nos jardins do palácio presidencial, em Berlim, para a qual o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, foi convidado.

Questionado sobre a possibilidade de o líder do Chega se apresentar às presidenciais de 2026, o candidato presidencial apoiado pelo PCP começou por responder: "Para já, se se candidata ou não, é um problema dele. Eu não dou crédito ao que ele diz, pronunciar-me-ei sobre o que ele fizer. Portanto, estamos a falar de hipóteses".

Depois, António Filipe acabou por comentar, de forma crítica, o tipo de discurso de André Ventura, e acrescentou: "Se é candidato ou não, é um problema dele. Se for candidato, aí é um problema dos eleitores. Mas, enfim, pronunciar-nos-emos nessa altura".

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Sobre a candidatura, essa já confirmada, da eurodeputada Catarina Martins, ex-coordenadora do BE, e o efeito que poderá ter no campo político da esquerda, o antigo deputado do PCP respondeu que "os eleitores decidirão" e afirmou-se como alguém que concorre "pela positiva", com "um programa claro", em defesa da democracia e da Constituição, e que acredita que a sua candidatura tem "um valor insubstituível".

"E dirijo-me a todos os cidadãos, a todos os democratas. Isso independentemente dos candidatos que possam surgir. Já surgiram alguns, porventura surgirão outros", prosseguiu.

Interrogado se a candidatura de Catarina Martins não pode ser um problema para a sua pela divisão de votos à esquerda, retorquiu: "Creio que não, isto é, eu creio que nós não podemos olhar para as eleições presidenciais como algo em que os candidatos se apresentam como o candidato do partido A, do partido B, do partido C. Não é essa a leitura que eu tenho daquilo que é o papel do Presidente da República em Portugal".

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"E, portanto, eu dirijo-me a todos os democratas, com o meu perfil. Obviamente não escondendo o apoio do Partido Comunista Português (PCP), que é o meu partido sempre e continuará a ser", completou.

António Filipe aproveitou para criticar "aquela ideia de ir entregar o cartão [de militante] antes das eleições, para depois o ir reaver depois".

"Não escondo às pessoas, aos eleitores, as minhas convicções, mas respondo por um passado de luta pelas minhas convicções, mas também com a capacidade que demonstrei de fazer pontes entre as várias forças democráticas num sentido positivo", disse.

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O antigo deputado, jurista, membro do Comité Central do PCP, apresentou-se como o candidato presidencial "daqueles que estão insatisfeitos com a situação a que o país chegou, que consideram que a democracia se tem vindo a degradar".

Sobre a Associação Conquistas da Revolução, que hoje visitou, e que tem como patrono o general Vasco Gonçalves, António Filipe referiu que "é uma associação composta por muitos militares de Abril, mas também por outros cidadãos, e que tem como objetivo essencial pugnar pela defesa das conquistas da Revolução 25 de Abril".

O Conselho Nacional do Chega vai reunir-se hoje à noite, em Lisboa, para discutir as eleições presidenciais de janeiro de 2026.

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