Gouveia e Melo diz que não ser um "político tradicional" lhe dá vantagens
Almirante considerou que a sua candidatura "é a única neste momento que é suprapartidária".
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo afirmou este sábado que a sua candidatura "é a única suprapartidária" e considerou que há vantagens em "não ser um político tradicional".
Henrique Gouveia e Melo falava em Peniche (distrito de Leiria), na iniciativa Campus da Liberdade 2025, organizada pelo Instituto +Liberdade.
O almirante defendeu que há vantagens em "não ser um político tradicional", ou seja, alguém que "nasce nas juventudes partidárias, tem uma carreira política sem uma grande experiência prática para além dos tais consensos político-partidários, a intriga político-partidária, mas depois não consegue resolver coisas, não tem uma verdadeira visão para o país, não é transformador".
Em declarações aos jornalistas após falar aos jovens, o almirante considerou que a sua candidatura "é a única neste momento que é suprapartidária".
"Eu não venho fixar nenhum eleitorado partidário, não venho defender nenhuma ideologia partidária, e sou um candidato verdadeiramente suprapartidário. Portanto, o meu único partido, eu vou dizer que tenho um partido, vou reconhecer, mas o meu partido é Portugal. Não é um partido ideológico", salientou.
Questionado por um dos jovens sobre o seu posicionamento ideológico, Henrique Gouveia e Melo disse que a nível económico é "mais de direita", porque "o motor económico deve ser um motor livre de atritos, porque um motor cheio de atritos acaba por não desenvolver o seu máximo potencial".
"Por outro lado, há áreas sociais que são importantes, porque senão vamos deixar uma parte da sociedade fora das oportunidades. E nisso sou de esquerda", acrescentou, referindo que se situa ao centro.
Na sua intervenção na iniciativa, na qual respondeu às perguntas de vários jovens durante meia hora, o almirante na reserva considerou que é preciso "encontrar um equilíbrio entre o máximo de liberdade desse motor económico numa economia liberal de mercado, que permita acelerar a economia, uma economia muito mais produtiva, mas, por outro lado, cuidar dos elevadores sociais".
Gouveia e Melo garantiu também que não usará a popularidade do cargo para criar ou apoiar um partido político: "Juro que nunca farei isso".
Questionado se concorda com uma revisão da Constituição, o candidato a Belém nas eleições presidenciais do início do próximo ano disse que, apesar de a Lei Fundamental "ter alguma margem para melhorar", porque "há sempre margem para se limpar alguma ideologia", essa não é uma prioridade neste momento.
Gouveia e Melo considerou que "não deve nem expandir os poderes do Presidente, nem deve diminuir os poderes do Presidente", sustentando que o "Presidente tem bastantes poderes e são suficientes para garantir o regular funcionamento das instituições democráticas".
Na sua opinião, também o sistema eleitoral tem margem para melhorias, devendo "ser mais proporcional".
"Mas é um processo que deve ser feito com pinças que, como sabem ou imaginam, mexer no sistema eleitoral português pode significar tentar influenciar um processo para o futuro. Portanto, devemos fazer isso com o maior consenso possível nacional", indicou.
O candidato opôs-se à dissolução do parlamento no último Governo de António Costa, sustentando que um "problema pessoal" do primeiro-ministro não coloca em causa a legitimidade da Assembleia da República.
"Curiosamente, acusaram-me, nesse período, de ser um indivíduo que tinha uma leitura da Constituição, que era, de alguma forma, um gerador de instabilidade. Um gerador de instabilidade foram as leituras ao contrário", disse, considerando que para transformar o país são necessárias reformas que não é possível fazer com "ciclos curtos de governação, de sete meses, um ano, um ano e meio".
Questionado se teria aceitado Mário Centeno para primeiro-ministro, respondeu que a proposta teria de ser feita pelo parlamento e se, assim fosse, "teria que aceitar".
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