João Galamba demite-se do cargo de ministro das Infraestruturas

Foram 72 horas a separar o "não me demito" e o "apresentei o pedido de emissão do cargo". João Galamba invocou a família e a sua condição e pai e marido. Num comunicado divulgado durante a tarde, o governante salientou que quis "assegurar à família a tranquilidade e discrição", mas rejeitou que se sentisse a mais no executivo, ao escrever que "não estavam esgotadas as condições políticas" para continuar em funções.

Galamba justificou o trabalho feito no Governo, desde que foi secretário de Estado da Energia, dizendo que, no caso do lítio, teve como objetivo "a fixação no País de toda a cadeia de valor das baterias, incluindo a refinaria de lítio, e que pudessem trazer novos investimentos, tecnologia e empregos altamente qualificados". Para a Justiça, deixou a mensagem de que a demissão "não constitui uma assunção de responsabilidades" no processo ‘Influencer’ e disse estar disponível para esclarecer tudo às autoridades.

Seis meses depois, João Galamba voltou a apresentar a demissão a António Costa, que, desta vez aceitou. Marcelo Rebelo de Sousa exonerou-o do cargo ao final da tarde.

"Foram cumpridos todos os passos"

O ministro do Ambiente garantiu no parlamento que em relação às minas de lítio "foram cumpridos todos os passos que a lei exige". Duarte Cordeiro sublinha que não é arguido, mas "o lugar está sempre ao dispor". A "bem do futuro" é importante "a distinção pública entre o momento da investigação e as conclusões", diz. 

Miranda Sarmento 

"É o desnorte completo do Governo, o desnorte completo de António Costa e o desnorte completo do PS."

Bernardo Blanco

"Não havia condições há pelo menos seis meses. É quase surreal que alguém considere que tem condições políticas para continuar."

Pedro Filipe Soares

"A demissão foi um desviar das atenções de alguns membros do Governo para a atenção mais pré-eleitoral."

André Ventura

"Não se tencionava demitir e hoje surpreendentemente demitiu-se. Não tem nenhuma maturidade política e pessoal."

Bruno Dias

"Era o desfecho que se esperava. Os muitos e graves problemas no Ministério de Galamba exigiam respostas concretas e não desapareceram."