Médica critica "forma de acesso" ao tratamento para as gémeas luso-brasileiras e fala em falta de triagem no caso
"Percebíamos que do ponto vista legal e económico a situação criava dilemas éticos", disse Ana Sofia Moreira Sá.
Ana Sofia Moreira Sá, responsável pela marcação de primeiras consultas no Hospital de Santa Maria disse, esta terça-feira, que discordou da aplicação do tratamento às gémeas luso-brasileiras não de "um ponto de vista médico, mas pela forma de acesso à medicação".
A médica destacou que as irmãs, que sofrem atrofia muscular espinhal - eram elegíveis para receber Zolgensma - medicamento com um custo de dois milhões de euros - mas que não passaram pelo processo de triagem e que existem questões económicas que devem ser tidas em consideração.
Em Comissão Parlamentar de Inquérito, Ana Sofia Moreira Sá, uma das coautoras da carta dirigida ao então diretor clínico do Centro Hospital de Santa Maria a contestar o tratamento, refere que "todos os dias chegam pedidos de consulta" e que os profissionais "gostariam de atender a todos". No entanto, face aos avultados custos do tratamento, é preciso analisar as situações em diferentes parâmetros.
"Todos os dias temos pedidos de consultas. Do primo, do amigo. O pedido não é feito por pressão. É comum que as pessoas peçam que façamos uma consulta. (...) Do ponto de vista médico, não podemos recusar doentes, mas percebíamos que do ponto vista legal e económico esta situação criava dilemas éticos", disse.
A médica criticou os cidadãos estrangeiros que, de forma deliberada, arranjavam esquemas para conseguir ter acesso ao tratamento em Portugal, sem em qualquer momento revelarem a intenção de morar no País.
"Havia a perceção que eram pais que tinham toda uma vida perfeitamente estabelecida no Brasil e que não pensavam propriamente vir residir para cá de forma definitiva”, referiu sobre os pais das gémeas.
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