Ministro diz que falta mão-de-obra em Portugal para construir
Segundo o INE, os preços das casas existentes subiram 18,3% e das habitações novas 14,5% entre abril e junho.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, considerou esta terça-feira que falta mão-de-obra em Portugal e que pode ser uma das razões para a falta de habitação.
Na audição regimental na Comissão de Reforma do Estado e Poder Local, o ministro admitiu que "muitos edifícios estão a ter dificuldades em ir para o terreno por carência de mão-de-obra".
"Quando se fala com as empresas, muitas delas dizem 'não, não é falta de mão-de-obra, os senhores estão é a pôr os preços muito baixos' e as obras só são adjudicadas, nalguns casos, ao segundo, terceiro, quarto ou quinto concurso, com bases de licitação cada vez maiores. A minha convicção é que há mesmo falta de mão-de-obra. Se houvesse mão-de-obra abundante, as obras seriam adjudicadas a outros preços", insistiu, perante os deputados.
Para colmatar a ausência de mão-de-obra, o antigo autarca de São João da Madeira sublinhou a importância da imigração, seja por iniciativa espontânea, seja promovida por associações empresariais ou de grandes empresas que têm "uma via facilitada de integração de imigrantes para trabalhar em Portugal".
O ministro sublinhou que esta "via facilitada" apenas ocorre se os imigrantes tiverem garantido "um posto de trabalho, um contrato de trabalho e um local digno em que possam viver".
Apesar de ter começado "muito devagar", o governante sublinhou que é algo que está agora a "avançar um pouco mais rápido" e que "já há muitíssimas pessoas a vir para Portugal por esta via, com processos de integração mais rápidos" por terem garantido trabalho e casa.
Além destas medidas, o ministro abordou a cooperação com alguns países africanos de língua oficial portuguesa em que é dada formação profissional e parte dos formandos vem para Portugal "já com formação adequada às necessidades das empresas".
O ministro abordou ainda algumas medidas aprovadas pelo Governo com o objetivo de baixar os preços da habitação em Portugal, como alterações aos Planos Diretores Municipais para construir em terrenos rústicos, alterações em impostos para a construção e arrendamento ou a intenção de lançar uma linha do Banco Europeu de Investimento (BEI) para as autarquias.
O índice de preços da habitação aumentou 17,2% no segundo trimestre, acelerando 0,9 pontos percentuais face aos três meses anteriores, tendo sido transacionados mais de 10.000 milhões de euros, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o INE, os preços das casas existentes subiram 18,3% e das habitações novas 14,5% entre abril e junho.
Face aos três meses anteriores, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) aumentou 4,7%, contra 4,8% no trimestre precedente, tendo as casas existentes tido um aumento de 5,1% e as habitações novas uma subida de 3,8%.
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