Morreu Eurico Figueiredo, antigo dirigente socialista
Estava internado há vários dias no Hospital de Santo António, no Porto, com gripe A. Tinha 86 anos.
Morreu este sábado o histórico socialista Eurico Figueiredo, aos 86 anos. O antigo dirigente e deputado do partido não resistiu à gripe A, segundo a RTP que avançou a notícia. Estava internado há vários dias no Hospital de Santo António, no Porto, onde viria a morrer.
Preso político no período da ditadura, foi militante do PS desde 1974, tendo exercido vários cargos ao serviço do partido. Saiu no final dos anos 90, em desacordo com a direção então liderada por António Guterres. Posteriormente chegou a voltar, desvinculando-se de novo no período de António José Seguro como secretário-geral.
Eurico Figueiredo nasceu em Vila Real em 1939. Iniciou-se na atividade política com 16 anos no MUD Juvenil e aos 18 participou ativamente na campanha do General Humberto Delgado. Destacou-se nos movimentos de luta estudantial e em 1962 foi eleito o primeiro Secretário-Geral do Secretariado Nacional dos Estudantes Portugueses. Exilou-se na Suíça para fugir à polícia dirigente, onde permaneceu até 1976.
Militante do PCP desde os 18 anos, abandonou o partido em 1967 no mesmo dia em que as tropas russas invadiram a Checoslováquia, como sinal de protesto, e filiou-se no Partido Socalista em 1974, integrando a Direção Nacional e Política. Foi deputado na Assembleia da República entre 1983 e 1985 e de 1991 até 1999, entre outros cargos, foi deputado à Assembleia da NATO e Presidente da Comissão da Administração do Território e Poder Local. Foi ainda autor do relatório sobre a regionalização, em 1997.
Já depois da sua saída definitva do PS, candidatou-se a Bruxelas nas eleições Europeias de 2014, encabeçando a lista do MPT - Movimento Partido da Terra. Nesse período, aliás, protagonizou uma greve de fome alegando que a Segurança Social lhe devia dinheiro.
Fora da política, foi professor catedrático de Psiquiatria e Saúde Pública no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, sendo reconhecido como uma figura central no ensino e desenvolvimento desta especialidade médica em Portugal. Reformou-se em 2003.
Pelo seu papel no combate à ditadura e pelo contributo cívico ao país, foi condecorado em 1997 pelo Presidente da República Jorge Sampaio com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
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