MP avalia licença sem vencimento a burlão
Associação da região de Castelo Branco, que gere fundos comunitários, é visada.
O Ministério Público está a avaliar a abertura de um inquérito para apurar se houve crime nos procedimentos seguidos pela Adraces - Associação par o Desenvolvimento da Raia Centro-Sul em relação ao diretor executivo, António Realinho, que cumpre quatro anos e meio de prisão pela prática, enquanto sócio da empresa Realcil, dos crimes de burla e falsificação.
Segundo o jornal 'Público', três semanas após anunciar a atribuição de uma licença sem vencimento ao diretor executivo, para que António Realinho pudesse retomar o lugar após regressar da cadeia, a Adraces, criada há 26 anos por quatro câmaras do distrito de Castelo Branco lideradas pelo PS, mudou de posição e indeferiu o pedido. A associação gere milhões de euros de fundos europeus e representa a Comissão Europeia em 21 municípios do Interior.
Ao CM, a Procuradoria-Geral da República diz que "o Ministério Público encontra-se a analisar a situação, com vista a decidir se há procedimentos a desencadear". Já o presidente da Adraces, Joaquim Morão, negou ao CM qualquer mudança de posição, garantindo que "não foi concedida a licença" solicitada por António Realinho, que entretanto pediu a demissão.
"O assunto está liquidado de vez", disse Mourão, que recusou, contudo, comentar o "embaraço" que a situação está a criar para a Adraces e para o PS.
Provados três crimes de falsificação e burla
O processo que levou à condenação de António Realinho e do sócio, Fernando Pereira, a quatro anos e meio de prisão tem a ver com um esquema da empresa Realcil que consistiu em "fabricar e utilizar documentos" com base em duas sentenças, também falsas, de um tribunal arbitral para se apoderarem de "património a que sabiam não ter direito, causando prejuízo a terceiros". Foram condenados por dois crimes de falsificação e outro de burla. Um terceiro arguido, o advogado Álvaro Dias, morreu entretanto.
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