PCP desafia Governo a "fazer tudo ao seu alcance" para "preservar portugueses" da flotilha
Paulo Raimundo condenou a "atitude de Israel" e defendeu que o que aconteceu "aumenta ainda mais a necessidade de ações de solidariedade para com a Palestina".
O secretário-geral do PCP condenou esta quarta-feira a ação de Israel contra a flotilha humanitária destinada à Faixa de Gaza e instou o Governo a fazer "tudo ao seu alcance" para preservar a vida dos portugueses que estavam a bordo.
Em declarações aos jornalistas antes de um comício em Coimbra, no âmbito da campanha autárquica da CDU, Paulo Raimundo condenou a "atitude de Israel" contra a flotilha humanitária e defendeu que o que aconteceu "aumenta ainda mais a necessidade de ações de solidariedade para com a Palestina, para com aquele povo, e a exigência do fim do genocídio".
"O Governo português tem de naturalmente fazer tudo o que está ao seu alcance para preservar os portugueses, neste caso, mas também para, em todos os fóruns, intervir para o fim do genocídio e não dar uma cravo e outra na ferradura e alimentar esse genocídio que está em curso", afirmou.
Paulo Raimundo considerou que o Estado português e os órgãos de soberania nacionais "não podem ficar indiferentes" à detenção de três cidadãos portugueses -- a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte -- e disse que a "questão fundamental que se coloca neste momento, e que este acontecimento ainda vem exigir mais, é como é que o povo português se continua a levantar em solidariedade com a Palestina".
"Porque, se nós formos ao centro do problema, o centro do problema é esse: um genocídio que está em curso, do povo palestiniano (...), que está a ser levado a cabo pelas mãos de Israel com o patrocínio dos Estados Unidos e com a cumplicidade da União Europeia, e por essa via o Estado português não pode limpar as mãos", disse.
Questionado sobre o que é que acha que o Governo português deve fazer em concreto, Paulo Raimundo defendeu que o executivo não pode reconhecer o Estado da Palestina - o que saudou - e, ao mesmo tempo, "alinhar com o caminho destes supostos acordos de paz que têm como objetivo fundamental acabar com o povo palestiniano e com a Palestina".
Sobre o apelo feito pela coordenadora do BE, Mariana Mortágua, para que os portugueses se mobilizem e pressionem o Governo a agir, Paulo Raimundo disse que tem feito "um esforço enormíssimo para que a causa palestina esteja no centro da discussão".
"E, já agora, apelamos a que o povo português, a juventude em particular, que tem assumido aqui um papel determinante, se associe a todas as iniciativas de apoio à Palestina que estão em curso, umas que já estão marcadas e outras que vão ser marcadas", frisou.
Interrogado sobre como é que avalia a postura do Governo relativamente à flotilha humanitária, Paulo Raimundo disse não querer "desligar essa atitude do Governo da situação concreta da Palestina".
"Porque não estamos a falar apenas desta iniciativa. Estamos a falar do conjunto das questões e o Governo foi sempre demasiado benevolente para com o genocídio que está em curso. Foi demasiado, se quisermos, cúmplice com um regime sionista e israelita que não olha a meios e que está a provocar a morte de crianças inocentes e de mulheres", disse.
Para Paulo Raimundo, "exigia-se muito mais do Governo português sobre esta matéria".
A flotilha internacional com destino a Gaza com ajuda humanitária, na qual seguiam três portugueses, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício, foi hoje intercetada pela Marinha de Israel.
A flotilha humanitária, composta por cerca de 50 embarcações (incluindo uma com bandeira portuguesa), partiu de Espanha com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos à Faixa de Gaza, iniciativa rejeitada por Telavive que argumenta que a ação é apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas.
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