Raimundo pede a Luís Montenegro que reaja à precariedade do pacote laboral
Secretário-geral do PCP disse ser pena que o chefe do Governo não ter reagido "àquilo que tem o pacote laboral".
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, desafiou esta segunda-feira o primeiro-ministro a reagir à precariedade que considerou ter o pacote laboral do Governo tal como o fez para associar a decisão sindical da greve geral de 11 de dezembro ao PS e ao PCP.
Em declarações após intervir na sessão evocativa do 112.º aniversário de Álvaro Cunhal denominada "Revolução de Abril, Transformações profundas e resistência ao processo contrarrevolucionário", que decorreu em Braga, Paulo Raimundo disse ser pena que o chefe do Governo não ter reagido "àquilo que tem o pacote laboral".
"Por que é que ele não reagiu àquilo que querem introduzir, mais precariedade do que a que já existe? Por que é que ele não reagiu contra mais desregulação dos horários de trabalho, para além daquele que já existe na vida das pessoas, [o que) afasta as pessoas das famílias, afasta as pessoas do tempo de viver, afasta as pessoas dos filhos?", questionou o líder comunista.
E prosseguiu: "ele não fez nenhuma reação sobre os despedimentos com justa causa, que é uma das questões que está no pacote laboral. Por que é que ele não disse nada sobre querer roubar as expectativas de futuro, em particular aos mais jovens, que são aqueles que vão ser confrontados com contrato a prazo a contrato a prazo, precariedade em cima de precariedade".
Insistindo que "os últimos tempos demonstram (...) que se há alguém capturado por alguém são o PSD, o CDS, o Governo, o Chega e a Iniciativa Liberal, que estão capturados pelos grandes grupos económicos", justifica-o como sendo "não para resolver o problema da vida das pessoas, não para acabar com a precariedade, mas sim para baixar os impostos sobre os lucros".
"Nós andamos aqui há muitos anos. Já sabemos qual é a tática, a narrativa: é casca de banana para a gente escorregar", respondeu quando questionado se o primeiro-ministro tinha razão quando afirmou que o PCP queria afirmar a sua existência através a central sindical CGTP, que juntamente com a UGT marcaram a greve nacional para 11 de dezembro.
E continuou: "não, vamos falar sobre a precariedade, vamos falar sobre a desregulação dos horários de trabalho. Vamos falar sobre mais horas de trabalhar sem ganhar. Vamos falar sobre os despedimentos sem justa causa. Disso é que vamos falar, não é agora sobre, diria assim, o primeiro-ministro querer encher a chouriça à nossa conta. Connosco não!".
Sobre a justificação da greve agora quando o documento ainda está a ser debatido, Paulo Raimundo recordou que o "Governo entregou o documento em julho, altura em que tinha as mesmas linhas mestras que contém agora", concluindo que "não mudou nada", mas acrescentando a linha fundamental de que "não mexeria nas linhas mestras".
"Quais são as linhas mestras? Mais precariedade, mais regulação dos horários de trabalho, mais horas a trabalhar sem receber, despedimentos de justa causa, roubar as perspetivas de futuro aos jovens. Ora, se isto não mexe, então estamos à espera do quê? Não, isso não tem jeito nenhum. O que é preciso é que este pacote seja retirado", afirmou.
O dirigente comunista acusou ainda Luís Montenegro de "ser indiferente se há 2,7 milhões de trabalhadores com horários desregulados, se há dois milhões trabalhadores a receber até 1.000 euros de salário por mês e se há um milhão na precariedade. Isso é o para o lado que ele dorme melhor".
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