Rio endurece oposição para segurar liderança do PSD

Líder do partido critica nomeações de socialistas e diz que Governo está a sofrer “um claro esgotamento”.

27 de junho de 2021 às 09:17
Rui Rio Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
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Já em clima de pré-campanha eleitoral para as próximas Autárquicas, o presidente do PSD, Rui Rio, tem endurecido a oposição ao PS, na esperança de derrotar os socialistas nas eleições locais e segurar a sua liderança à frente dos sociais-democratas. Rio já admitiu retirar consequências dos resultados eleitorais, o que poderá levar à sua demissão da direção laranja.

“No último mês e meio é notório que Rui Rio tem tido uma oposição mais vocal ao PS, no sentido de esbater a acusação de que tem sido alvo de conciliação sistemática com os socialistas”, segundo a análise do politólogo António Costa Pinto ao CM. A mudança de postura de Rio sobressaiu mais uma vez durante a apresentação da recandidatura do social-democrata, Salvador Malheiro, à presidência da Câmara de Ovar. “O PS e o Governo estão a sofrer um claro esgotamento”, atacou Rio, acrescentando que as “nomeações” interessam aos socialistas e defendeu que “isso não é forma de governar o País”. Rio referia-se, nomeadamente, à escolha da ex-governante Ana Paula Vitorino para presidir à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e à do comentador socialista Pedro Adão e Silva para comissário dos 50 anos do 25 de Abril.

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Mas os esforços de Rio poderão ser insuficientes. “O desafio é muito maior para o PSD, dada a falta de apoio das suas estruturas locais”, antevê Costa Pinto. “E o PSD precisa de obter resultados sob pena de ter um conflito interno e perder a liderança”, conclui. Ao CM, a politóloga Marina Costa Lobo, entende que o líder do PSD “está a tentar transformar as Autárquicas num referendo à atuação do Governo”. “Até pode ser um trunfo, caso a quarta vaga da pandemia seja vista como o resultado de má decisões do Governo: entrada de turistas britânicos ou a realização da final da Liga dos Campeões no Porto”, esclarece. A especialista em Ciência Política considera que “tendo em conta o péssimo resultado eleitoral do PSD em 2017, o partido pode aproximar-se ao PS, mas não se vislumbra uma mudança”.

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câmaras municipais foram conquistadas pelo PS nas últimas Autárquicas, de 2017, um resultado histórico para os socialistas. Já o PSD, na altura liderado por Pedro Passos Coelho, obteve o pior resultado de sempre, com um total de 98 autarquias conquistadas.

Data das eleições locais

O Governo decide no próximo Conselho de Ministros, de 1 de julho, a data das próximas eleições Autárquicas. Executivo, Bloco de Esquerda, Iniciativa Liberal e Chega preferem o dia 26 de setembro. PSD, PCP, CDS e PEV querem a 10 de outubro e o PAN a 3 de outubro.

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