Primeiro-ministro admite estar a negociar com parceiros sociais o prolongamento do layoff.
António Costa assume à CMTV que Governo vai preparar “programa de emergência”
Estes dois meses "têm sido uma eternidade" e admite que o pior momento foi fechar as escolas. António Costa diz que vai lançar um programa de relançamento da economia, chuta a polémica do Novo Banco para canto e até diz que irá à praia no verão.
CM – Já escolheu o seu ministro das Finanças?
António Costa - Já, escolhi há uns cinco ou seis anos. Antes mesmo de ganhar as eleições escolhi Mário Centeno.
– Dizem que está a prazo... - Os comentadores estão cansados de estarmos concentrados nesta emergência e querem regressar às tricas da política. Temos de nos concentrar no essencial e não nos distrairmos com ‘fait-divers’. Houve um incidente mas ficou tudo esclarecido e foi tudo ultrapassado.
– Centeno pediu a demissão?
- Trabalhamos juntos há seis anos e, mais do que uma relação profissional, eu e Mário Centeno temos uma relação pessoal, de amizade, e como em tudo na vida há coisas que correm menos bem. Já foi assumida a falha de comunicação, está ultrapassada.
– A falha foi espoletada pelo Novo Banco. Há um atraso na auditoria da Deloitte. Não sabe nada da gestão do Novo Banco?
- Sabemos e, como foi explicado, as contas do Novo Banco são auditadas a diversos níveis: pela Ernst&Young, pela comissão de acompanhamento, pelo supervisor que é o BCE... E depois há uma lei do ano passado que criou uma nova auditoria que é feita à posteriori à transferência.
– Se confia nessas auditorias necessitava da da Deloitte?
- É a lei que prevê que ela exista. E ela é relativa às contas de 2018, mas o empréstimo deste ano [850 milhões de euros] é relativo às de 2019. A auditoria é feita à posteriori.
– O Novo Banco já levou quase 8 mil milhões de euros, a impressão é de que se trata de um poço sem fundo. Já se escreveu que o Governo estava disposto a fazer uma só injeção única. Isso foi avaliado?
- Houve uma questão que nos foi colocada pelo Banco de Portugal, foi avaliada mas não foi essa a nossa opção. O problema do Novo Banco teve que ver com a resolução. A parte que nos diz respeito tem que ver com alienação e esse foi um momento de viragem. O custo da venda demonstra bem a qualidade do produto.
– Mário Centeno diz que foi a resolução mais desastrosa da Europa e que a separação de ativos foi mal feita?
- Não vou reabrir um debate com Passos Coelho e Carlos Costa, são temas do passado. O que nos competiu fazer foi encontrar uma solução para o banco. A qualidade da venda depende da qualidade do produto e a qualidade do produto era aquela. A venda permitiu estabilizar o sistema financeiro e definir um tecto máximo dos encargos para o Estado. Esse momento foi decisivo para entrarmos numa trajetória de confiança. Se pergunta se foi bom, nada seria bom depois daquela resolução.
– Concorda com prémios de dois milhões previstos para a gestão do Novo Banco?
- O fundo de resolução já disse que não concorda e que não aceitará no reforço de capital qualquer despesa desse tipo.
– Falemos agora do plano de estabilidade. Ficou satisfeito?
- Toda a gente tem consciência de que a trajetória da economia sofreu uma inversão brutal. Só daqui a um mês poderemos ter um cenário suficientemente claro do que é a situação efetiva da economia e de quais são os mecanismos que a UE disponibilizará.
– O plano de estabilidade não tem projeções ou cenários. Não devia tê-los?
- Os governos não fazem estimativas, produzem política. O que dizemos com realismo é que ainda é cedo para podermos ter um cenário suficientemente sólido. Vamos apresentar o orçamento suplementar no próximo mês e aí apresentaremos a previsão. Um governo toma decisões e precisa de outro grau de certeza para fundamentar decisões, não podemos dar uma cenário como mera previsão. O que dissemos é que este não é o momento para cenários.
– O caso TAP não devia estar neste documento?
- A Comissão Europeia tem ainda em aberto o cenário de uma intervenção na aviação civil. Tem vindo a discutir o setor do turismo, visto que é dos mais atingidos. Vai ser no quadro dessa abordagem que teremos de decidir esse tema [da capitalização da TAP].
– Falemos das moratórias... Há associações que defendem o prolongamento...
- Tive oportunidade de dizer aos partidos que iremos iniciar consultas para o desenho de um programa de emergência económica. Em dois meses teve de se reinventar muita coisa, mas agora chegámos à fase em que temos de ter maior solidez e desenhar políticas concretas que permitam estancar a hemorragia e criar as bases para um programa de recuperação económica.
– O presidente do Santander disse que o tsunami chegará quando acabarem as moratórias. Tem essa visão?
- A vantagem das moratórias é darmos tempos para evitar que o tsunami seja um tsunami. No início da crise, toda a gente via curvas de crescimento exponencial e teríamos tido um tsunami na saúde. Tomámos medidas e controlámos a situação. Mantivemos sempre um nível gerível. Na economia é a mesma coisa. A função das moratórias foi darmos tempo às empresas, ao Estado e ao sistema financeiro para se reorganizarem e evitarem que tenhamos um tsunami. Fazer com que a maré vá baixando e que tenhamos apenas uma onda alta. Não digo que vamos ter mar chão, mas vamos poder mergulhar e passar a onda com segurança. Agora, é preciso dinheiro para o fazer e a UE tem um papel fundamental. Já sabemos que não teremos uma fisga, mas entre a pressão de ar e a bazuca há uma enorme diferença.
– Os apoios do Estado têm sido baseados em empréstimos...
- Não... O apoio mais importante é o layoff e esse não são empréstimos , é o pagamento pela Segurança Social de 70% de 2/3 do salário. Está programado durar até junho e estamos a discutir qual será o prolongamento. Esta medida é dinheiro efetivo que estamos a pagar para manter emprego.
– A economia não sairá muito fragilizada?
- Se não tivéssemos feito as moratórias já tínhamos precipitado as dificuldades e muitas empresas já tinham ido para insolvência. As moratórias existem para ganhar tempo e eu tenho confiança na readaptação da indústria.
– Já tinha dito que se tiver de dar um passo atrás o fará. Qual será o sinal de alarme?
- Temos de ter uma análise do conjunto dos dados. É o risco de transmissão, estar a haver um crescimento de infetados, a gravidade da infeção.
– Vai reabrir as escolas na segunda-feira. Pode garantir que estão apetrechadas?
- As escolas receberam mais de quatro milhões de máscaras e milhões de litros de gel. Só as Forças Armadas teriam a capacidade de uma operação logística destas.
– Os restaurantes também reabrem. Vai haver ajudas suplementares?
- Ainda hoje abriu um programa em que pagamos até 5 mil € a empresas para adquirirem gel, equipamentos de proteção individual e contratos com empresas para desinfeção. Não sei quantas empresas vão ou não conseguir abrir, mas há um esforço de confiança que temos de fazer todos. Percebo que a lotação de 50% é uma grande limitação, mas nesta fase é importante para que as pessoas tenham confiança. Vamos avaliar na próxima quinzena como podemos flexibilizar. Vi na Autoeuropa uma solução com dois separadores de acrílico em cima da mesa, que nos restaurantes pequenos permitiria estarmos frente a frente, cada um a comer o seu bife, sem nos contaminarmos um ao outro.
– Nas praias não haverá acrílicos. Vai de férias este ano?
- Vou de férias. No verão temos sempre uma perturbação que são os incêndios e que nem sempre nos deixam tranquilos, mas espero ir de férias.
- Há regras para as praias, mas dependem da boa vontade dos portugueses...
- Não é uma questão de boa vontade, é de responsabilidade. Não podemos ter um polícia ao lado das pessoas em cada praia, temos de ser polícias de nós próprios. Confio nos portugueses. Se foram capazes de sacrificar a liberdade em dois meses vão agora deitar tudo a perder e não saber estar na praia com civismo?
- Sobre a Festa do Avante...
- Não vou ao Avante (risos...)
- Vai autorizar que se realize?
- A Assembleia da República está a discutir uma proposta de lei, o PCP já disse que tomará a decisão no momento próprio. Há atividades que o Estado tem direito a proibir e a restringir, há outras que não tem, designadamente na atividade política.
- Posso fazer um comício?
- Desde que cumpra regras... Como também não podemos proibir atividades religiosas.
- Nestes dois meses, qual foi o pior momento?
- Quando fala em dois meses tenho a sensação de que tem sido uma eternidade. O momento mais difícil foi a 12 de março, quando tive de anunciar a decisão de fechar as escolas. Não tive o suporte científico e tive de arriscar. Um primeiro-ministro tem de assumir riscos, as pessoas perceberam bem a decisão e foi importante, mas foi difícil. Depois tem havido outras decisões difíceis. E agora sei que está toda a gente de acordo, mas quando a crise passar apresentarão a fatura.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.