Antigo secretário-geral do PS apresenta candidatura às eleições presidenciais este domingo.
Depois de uma década afastado da vida política, o antigo secretário-geral do PS António José Seguro voltou ao ativo e apresenta-se às eleições presidenciais do próximo ano sem esperar pelo seu partido, prometendo uma "nova cultura política".
António José Martins Seguro nasceu em 11 de março de 1962 em Penamacor, é mestre em Ciência Política, pelo ISCTE-IUL, e licenciado em Relações Internacionais, pela Universidade Autónoma de Lisboa. É casado e tem dois filhos.
Depois de ocupar vários cargos públicos ao longo dos anos -- membro do Governo, deputado ou eurodeputado, entre outros -- Seguro afastou-se da vida política após a demissão de secretário-geral do PS, em setembro de 2014, na sequência da derrota das eleições primárias contra António Costa.
"Qual é a pressa?" é uma das frases que mais colada à pele lhe ficou, uma resposta aos jornalistas em janeiro de 2013 sobre quando é que a sua direção tencionava propor uma data para a realização do congresso do PS.
Remetendo-se à condição de "militante de base" depois de deixar a liderança do PS, que ocupou entre 2011 e 2014, o agora candidato presidencial dedicou-se às aulas na universidade e aos seus negócios e manteve-se quase em silêncio sobre as questões políticas ao longo da última década, com raríssimas exceções.
Uma delas foi em maio de 2023, quando a crise política estava instalada entre palácios depois da polémica em torno de João Galamba, e Seguro disse aos jornalistas: "quando olho para o país fico perplexo com o que vejo. Acho que os portugueses merecem melhor".
Meses depois, com Operação Influencer e a saída inesperada de António Costa, o socialista assumiu que estava a ser incentivado a candidatar-se novamente à liderança do PS.
Este longo silêncio terminou uma década depois, quando em novembro do ano passado, numa entrevista à TVI/CNN que antecedeu o seu espaço de comentário semanal naquela estação, assumiu que estava a ponderar uma candidatura a Presidente da República, mas afastando regressar à vida partidária.
Ao longo dos últimos meses, Seguro nunca quebrou o tabu, foi afirmando que a ponderação continuava e recusou que lhe impusessem prazos, mas fazia já várias palestras e conferências um pouco por todo o país, tendo lançado em janeiro o "Movimento UPortugal" para "contribuir para a participação cívica dos portugueses".
No dia em que o novo parlamento iniciou funções, Seguro desfez as dúvidas e anunciou que iria ser candidato à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, sem esperar pelo apoio do PS, que vive um dos mais difíceis períodos da sua história com derrocada eleitoral das legislativas que culminou na demissão de Pedro Nuno Santos.
Moderação, consenso e compromissos são palavras que usa frequentemente para qualificar a sua forma de estar na política e na vida e, quando confirmou que ia ser candidato, defendeu que Portugal precisa de "mudança e esperança numa vida melhor".
"Transporto uma nova cultura política, baseada no diálogo e no compromisso, focada nas soluções para resolver os graves problemas que afetam os portugueses", assegurou, num vídeo divulgado em 03 de junho.
Em termos políticos e partidários, Seguro passou por diferentes cargos e assumiu várias responsabilidades.
Líder da Juventude Socialista (JS) entre maio de 1990 e março de 1994, começou a aproximar-se da cúpula do poder socialista quando, no início de 1992, António Guterres bateu Jorge Sampaio na corrida ao lugar de secretário-geral do PS.
"Com António Guterres, o PS será mais fixe", declarou Seguro à Agência Lusa a 10 de janeiro de 1992, vincando bem a sua preferência política.
Pela mão de António Guterres, conheceu uma ascensão rápida: desempenhou as funções de chefe de gabinete do secretário-geral, foi eleito diretamente deputado nas legislativas de 1991 e a partir de 1994 fez parte da Comissão Permanente do Secretariado Nacional - o núcleo duro do "guterrismo".
Com a vitória do PS nas legislativas de outubro de 1995, Seguro assumiu as funções de secretário de Estado da Juventude, cargo do qual sairia para se candidatar no segundo lugar da lista dos socialistas às europeias de 1999, atrás do cabeça de lista Mário Soares.
Em 2001, regressou do Parlamento Europeu para exercer o cargo de ministro-adjunto do primeiro-ministro.
Os mais próximos do novo líder do PS foram unânimes em considerar que a influência dos dez anos de convivência permanente com Guterres marcou a sua forma de estar na política e ajuda a explicar o facto de Seguro perder horas em conversas com militantes anónimos, falar nos afetos (contra a racionalidade estrita) nas relações políticas e apresentar uma visão telúrica da vida.
Em 2011, na campanha interna para a liderança do PS que o levou ao lugar de secretário-geral ao vencer a disputa com Francisco Assis, lembrou várias vezes o quanto em criança gostava de brincar com o peão e com os berlindes, assim como com um jogo de futebol, numa tábua de madeira com pregos, feita por um marceneiro de Penamacor.
Em 2004, esteve em vias de disputar a liderança do partido com José Sócrates, mas, segundo relatos de socialistas de várias correntes, Jorge Coelho, então o homem forte do aparelho, pediu-lhe para esperar.
Durante a governação de Sócrates, Seguro esteve sempre na segunda linha, apesar de ter sido cabeça de lista por Braga nas eleições legislativas de 2005, 2009 e 2011 e presidente das comissões parlamentares de Educação e de Economia, além de ter coordenado a reforma do Parlamento em 2007.
Esperou pela saída de Sócrates e ficou de novo grande parte do tempo em silêncio, evitando fazer críticas em público à direção em funções, embora fossem conhecidas as suas divergências.
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