Eleições autárquicas irão decorrer a 12 de outubro.
O atual mandato autárquico, prestes a terminar, ficou marcado judicialmente por condenações, incluindo a perdas de mandato, renúncias, acusações, julgamentos e novas investigações visando autarcas, sobretudo em processos relacionados com crimes económicos, mas também por violência doméstica.
Em julho, o Ministério Público (MP) reabriu o inquérito que investiga suspeitas de violência doméstica cometida pelo presidente da Câmara de Vizela, Victor Hugo Salgado, sobre a mulher, com "vista à realização de diligências complementares".
Devido à investigação, o PS nacional retirou o apoio à recandidatura de Victor Hugo Salgado, que também se demitiu da presidência da Federação Distrital de Braga do PS. Em desacordo com a decisão nacional, a concelhia de Vizela dos socialistas decidiu não apresentar candidato às autárquicas e manifestou apoio ao agora independente Victor Hugo Salgado.
O ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia Eduardo Vítor Rodrigues (PS) viu a Relação do Porto e o Constitucional confirmarem a perda de mandato por ter usado um carro do município para fins pessoais, levando o autarca a renunciar ao cargo em junho.
Também no Norte, desde janeiro que decorre o julgamento da Operação Babel, relacionada com a viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos em Vila Nova de Gaia. Um dos principais arguidos é o ex-vice-presidente do município Patrocínio Azevedo (PS), que renunciou ao cargo após a sua detenção, em maio de 2023.
Em setembro de 2024 arrancou o julgamento do processo da Operação Vórtex, que tem entre os arguidos dois antigos presidentes da câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), detido em janeiro de 2023 e que se demitiu na sequência deste processo, e o seu antecessor Pinto Moreira (PSD), estando em causa projetos imobiliários e licenciamentos urbanísticos alegadamente a troco de vantagens económicas.
Os antigos presidente e vice-presidente da Câmara de Montalegre Orlando Alves e David Teixeira (ambos PS), detidos em outubro de 2022 no âmbito da operação Alquimia e que renunciaram aos cargos, aguardam o início do julgamento, com cerca de 70 arguidos. Os ex-autarcas estão acusados de favorecer amigos e familiares em centenas de concursos públicos, entre 2014 e 2022.
Já na Madeira, em janeiro de 2024, o então presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD/CDS-PP) renunciou ao cargo após ter sido detido, juntamente com dois empresários da construção civil, no âmbito de uma megainvestigação por crimes económicos, incluindo corrupção, e na qual o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), foi constituído arguido. Calado foi libertado após três semanas e não se conhecem desenvolvimentos do caso.
Ainda na região autónoma, o ex-presidente do município da Ponta do Sol Rui Marques, acusado pelo Ministério Público (MP) de prevaricação, participação económica em negócio e abuso de poder num processo relacionado com irregularidades em centenas de licenciamentos de obras camarárias, volta a ser o candidato da coligação PSD/CDS-PP neste concelho. O processo está na fase de instrução.
Também nas ilhas, em abril, Ricardo Rodrigues (PS), à data presidente da Câmara de Vila Franca do Campo, São Miguel, Açores, foi condenado à pena suspensa de três anos e quatro meses de prisão por prevaricação e à perda de mandato, quando cumpria o terceiro e último mandato. Em causa estava a concessão do espaço de restauração da Rotunda dos Frades a Luís Rodrigues, seu irmão. Ricardo Rodrigues renunciou ao cargo e foi substituído por Graça Melo, candidata pelo PS a Vila Franca do Campo.
Ainda antes, na Ribeira Grande, soube-se em fevereiro que o atual presidente Alexandre Gaudêncio (PSD), que cumpre o último mandato, vai a julgamento na Operação Nortada, cuja investigação arrancou em 2017 e que tem 12 arguidos acusados de corrupção, abuso de poder e peculato.
No distrito de Viseu, em maio de 2023, o presidente da Câmara de Tabuaço, Carlos Carvalho, a cumprir o terceiro e último mandato, eleito pela coligação PSD/CDS-PP, foi suspenso de funções e proibido de contactar a autarquia no âmbito de uma investigação por crimes de abuso de poder, prevaricação, denegação de justiça e violação das regras urbanísticas, e que visa também o vice-presidente e três funcionários municipais. Meio ano depois, em novembro, a Relação de Coimbra revogou as medidas de coação e Carlos Carvalho voltou ao exercício de funções, onde se mantém atualmente.
No concelho de Tondela, José António Jesus (PSD) foi reeleito em setembro de 2021 para o terceiro mandato, mas dois meses depois foi condenado por se apropriar de dinheiro público ao receber pagamentos por deslocações em viaturas próprias, quando fez as viagens em viaturas do município. A Relação de Coimbra reduziu a pena suspensa, de cinco para dois anos e 10 meses, mas confirmou a perda de mandato, o que levou o autarca a renunciar ao cargo em 2022.
Em 2023, o MP acusou os antigos presidente, vice-presidente e vereadora da Câmara de Mogadouro (distrito de Bragança) Francisco Guimarães, Evaristo Neves e Joana Silva de prevaricação, por violação das regras da contratação pública, num processo com 14 arguidos. Francisco Guimarães e Evaristo Neves são atualmente vereadores da oposição, eleitos pelo PS. Francisco Guimarães é o candidato dos socialistas ao município nas autárquicas de outubro.
Em fevereiro, o vice-presidente da Câmara de Valongo (distrito do Porto), Paulo Esteves Ferreira (PS), foi constituído arguido por alegadamente receber contrapartidas nos processos de implementação e licenciamento de um restaurante da cadeia McDonald's. Paulo Esteves Ferreira mantém o apoio do PS e é o candidato do partido à câmara de Valongo.
Em abril de 2024, a Relação do Porto confirmou a condenação da presidente da Câmara de Arouca (Aveiro), Margarida Belém (PS), e candidata pelo partido às próximas autárquicas, à pena suspensa de um ano e três meses de prisão, por falsificação de documento. Em causa está a pavimentação do troço de uma estrada durante as autárquicas de 2017, ordenada pelo então presidente, José Artur Neves, com o acordo da então vice-presidente, Margarida Belém, que viria a ser a sua sucessora e lidera aquele município.
No mesmo distrito, em maio, arrancou o julgamento da Operação Ajuste Secreto, com 65 arguidos, incluindo o atual presidente de Albergaria-a-Velha, António Loureiro (CDS-PP), e quatro ex-autarcas de Oliveira de Azeméis e de Estarreja, acusados de corrupção passiva, corrupção ativa, peculato, abuso de poder e tráfico de influências.
Em Lisboa, no âmbito do processo Tutti Frutti, que investiga desde 2018 a alegada troca de favores entre PS e PSD na capital, o MP deduziu em fevereiro acusação contra 60 arguidos por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. Entre os arguidos estão dois vereadores na câmara lisboeta, o social-democrata Ângelo Pereira, que pediu a suspensão imediata do mandato, e a socialista Inês Drummond, que renunciou ao cargo.
Ambos estão fora das listas candidatas às eleições autárquicas de 12 de outubro, assim como outros autarcas também acusados neste processo, como é o caso dos atuais presidentes de juntas lisboetas Luís Newton, Vasco Morgado e Fernando Braamcamp, os três do PSD, que estavam também impossibilitados de se recandidatarem às freguesias a que presidem devido à lei de limitação de mandatos.
No Algarve, O presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau (PSD), impedido de se recandidatar pela lei de limitação de mandatos, vai ser julgado por violação de regras urbanísticas, estando em causa o licenciamento de uma obra para a construção de um parque de autocaravanas.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.