Sérgio Aires diz que autarca tem de passar a ser "mais real".
O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal do Porto nas próximas eleições autárquicas, Sérgio Aires, aconselhou hoje o presidente da autarquia, Rui Moreira, a "deixar de tentar ser rei" e passar a ser "mais real".
"Ao doutor Rui Moreira, um conselho, deixe de tentar ser rei e tente ser mais real", declarou Sérgio Aires, durante o discurso que fez hoje na Praça da Corujeira, em Campanhã, no Porto, arrancando aplausos da plateia, constituída por várias dezenas de militantes e simpatizantes bloquistas.
O candidato do BE, de 52 anos, sociólogo de profissão, natural da freguesia de Campanhã, no Porto, casado, e com uma filha de 21 anos que é "atriz precária obviamente", alertou o atual presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, para que tivesse "cuidado", argumentando que "às vezes o improvável acontece".
"É natural que tente desvalorizar e acantonar o Bloco de Esquerda, enquanto a única força política que lhe fez frente. Nós entendemos que seja incómodo, mas recebemo-lo como uma medalha. Se fossemos tão irrelevantes, quanto anuncia, não incomodaríamos tanto e se fossemos tão improváveis, também não. Doutor Rui Moreira, tenha cuidado, olhe que o improvável acontece. Às vezes quanto menos esperamos. A sua cidade de negócio tem os dias contados. O fascínio pelo cosmopolitismo bacoco e servir aos interesses económicos já só convence quem anda distraído ou come à mesma mesa", declarou Sérgio Aires.
Sérgio Aires afirmou que a sua candidatura é "contra a cidade de negócio, que privilegia o enriquecimento de uma minoria à custa do empobrecimento da maioria, para quem os seus habitantes, particularmente os mais vulneráveis, que são cada vez mais, são desprezíveis e não compatíveis com a cidade de plástico e de postal ilustrado".
O candidato avisou que se Rui Moreira continuar a "governar a cidade num registo unipessoal e com o apoio, ou a complacência, da oposição", o próximo Plano Diretor Municipal (PDM) será o "Plano de Moreira". E, por isso, Sérgio Aires pediu hoje que fosse criada de "imediato" uma "comissão de acompanhamento de execução do PDM, que, além das forças políticas, deve integrar as organizações e os coletivos da cidade e deve garantir que a próxima revisão [do PDM] será feita no devido tempo, ao contrário do que aconteceu desta última vez.
"O Bloco de Esquerda votou contra, porque este PDM, este plano de Moreira, apesar de anunciar o seu contrário, é apenas a continuidade da cidade de negócio. Para o BE na cidade e para esta candidatura este era o momento para que se apresentasse um PDM que garante do direito à habitação. Não é. Que fosse o garante dos direitos sociais de todos e de todas. Não é. (...). Que fosse garante do compromisso do combate às alterações climáticas. Não é. Que fosse garante de uma abordagem urbanística que defenda a cidade contra a especulação. Não é. E que antes de tudo, garantisse a alteração do paradigma que vivemos e criasse condições para um desenvolvimento económico e social que deve servir os interesses da cidade e não só de alguns", referiu.
Sérgio Aires licenciou-se em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e desde cedo dedicou-se ao combate à pobreza, desempenhando diversos cargos, tais como investigador, formador, assessor e especialista em múltiplos programas e instituições da cidade e ao nível nacional.
Entre 1994 e 1998 integrou o gabinete de investigação da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, assumindo a função de coordenador nacional entre 1998 e 2006.
No âmbito destas funções coordenou a implementação e desenvolvimento desta entidade em 18 distritos do país, foi membro da equipa responsável pela cooperação com o Governo da República de Cabo Verde para conceção e implementação do Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza nesse país, tendo sido o correspondente nacional da 'task force' Europeia Racismo e Pobreza.
Foi co-fundador em Portugal da Rede Europeia Anti-Racista e da Rede Europeia SASTIPEN (Saúde e Comunidades Ciganas), apoiou a constituição de várias associações e iniciativas de mediação inter-cultural. Participou ainda na conceção e implementação de mais de trinta projetos de âmbito nacional e transnacional em áreas como poder local e luta contra a pobreza, combate à discriminação e racismo, micro-crédito, emprego, educação, combate ao tráfico de seres humanos, igualdade de oportunidades e inclusão das comunidades ciganas.
Entre 2006 e 2018 foi diretor do Observatório de Luta contra a Pobreza na Cidade de Lisboa. Entre 2012 e 2018 presidiu à European Anti-Poverty Network, organização europeia que integra 31 redes nacionais e 13 organizações europeias. Entre 2017 e 2019 foi consultor do Governo Regional dos Açores para a definição de uma estratégia regional de combate à pobreza.
Atualmente desempenha funções como assessor no Parlamento Europeu e foi o terceiro candidato nas listas BE às eleições europeias, em maio de 2018.
O BE apresentou também hoje Susana Constante Pereira como candidata à Assembleia Municipal do Porto.
A Câmara do Porto é liderada pelo independente Rui Moreira, cujo movimento elegeu sete mandatos nas autárquicas de 2017, aos quais se somam quatro eleitos do PS, um do PSD e um da CDU.
Além do candidato do Bloco de Esquerda, já anunciaram a sua candidatura à Câmara do Porto Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Diogo Araújo Dantas (PPM) e André Eira (Volt Portugal).
As eleições para os cidadãos escolherem a configuração de executivos municipais, assembleias locais e juntas de freguesia têm de ser marcadas pelo Governo para entre 22 de setembro e 14 de outubro.
Em Portugal há 308 municípios (278 no continente, 19 nos Açores e 11 na Madeira), e 3.092 juntas de freguesia (2.882 no continente, 156 nos Açores e 54 na Madeira).
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