Proposta do PS mereceu votos favoráveis dos socialistas e do PSD, CDS-PP, Livre, PAN e JPP.
O parlamento aprovou esta quarta-feira a proposta do PS de criação de uma Comissão Técnica Independente para analisar os incêndios deste verão com votos contra do Chega e da IL e a abstenção do PCP.
A proposta do PS, que mereceu votos favoráveis dos socialistas e do PSD, CDS-PP, Livre, PAN e JPP (o BE não esteve presente), visa criar uma comissão técnica independente (CTI) para analisar os incêndios de agosto, composta por 12 técnicos especialistas de reconhecido mérito e que produza de forma célere um relatório com conclusões e recomendações.
Segundo o projeto de lei do PS, a CTI tem como objetivo fazer "uma análise exaustiva e factual à campanha de incêndios rurais deste ano, comparando-a com anos anteriores", em particular com o período 2018-2024.
O PS quer "identificar as causas do fracasso operacional registado, avaliar a eficácia das políticas públicas em vigor e produzir um relatório final com recomendações concretas, urgentes e de longo prazo, para robustecimento do modelo de defesa da floresta contra incêndios".
O debate, que deveria ter durado pouco mais de duas horas, arrastou-se por quase três, apesar de o Governo -- com 26 minutos -- não se ter feito representar, e ficou marcado, na fase inicial, por muitos desvios ao tema central, os incêndios.
No encerramento, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, saudou o acerto da iniciativa do seu partido, dizendo que a CTI permitirá "um chão comum" no debate sobre os incêndios.
"Uma comissão de inquérito neste parlamento apenas redundaria, sem esse chão comum, em mais ruído. Há quem só viva da degradação das instituições democráticas, é tempo de os democratas colocarem um travão nisto sob pena de os portugueses não nos levarem a sério", apelou.
No entanto, vários deputados do Chega asseguraram durante o debate que a sua proposta de uma comissão de inquérito avançará mesmo, de forma potestativa (obrigatória).
"Querem uma CTI para quê? Querem fugir das responsabilidades, é por isso que PS e PSD estão em conluio, mas vão mesmo levar com a nossa comissão de inquérito", disse Pedro Frazão.
A IL, pelo deputado Jorge Miguel Teixeira, afirmou ser "favorável ao apuramento de responsabilidades políticas", mas defendeu que tal cabe ao parlamento e não aos técnicos que constituirão a CTI, justificando o voto contra da sua bancada.
Apesar de terem votado favoravelmente a proposta, PSD e PS trocaram acusações mútuas de responsabilidade na repetição dos incêndios ao longo dos últimos anos, com o social-democrata Fernando Queiroga a apelar a um pacto de regime sobre o tema.
"Falar de pactos para a floresta concretiza-se através de iniciativas legislativas nesta casa e no Governo", retorquiu o socialista Pedro Vaz.
O Livre considerou que a criação de uma CTI vai "no bom sentido", embora insuficiente, enquanto o PCP recordou as várias medidas que propôs e foram rejeitadas nos últimos anos, quer por PS quer por PSD.
Antes da votação, na qual o BE não esteve presente, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, questionou como é que a deputada única e coordenadora do Bloco, Mariana Mortágua, iria justificar a falta.
"Se for trabalho político é uma falsidade", disse.
Mariana Mortágua encontra-se, desde final de agosto, a bordo de um navio de bandeira portuguesa que integra a flotilha que pretende levar ajuda humanitária a Gaza.
Na resposta, o vice-presidente do parlamento Marcos Perestrello, que conduzia os trabalhos, considerou esta intervenção "uma deslealdade parlamentar", salientando que houve vários deputados a faltar às votações desta quarta-feira e todos têm um período para justificar a ausência, que depois é ou não aceite pela mesa da Assembleia da República.
Também o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, pediu a palavra para dizer que, se os deputados "não são polícias uns dos outros", é normal que questionem a ausência dos que são líderes partidários.
"Os extremos, de facto, tornam-se de uma forma absolutamente indelével. Onde está o senhor deputado André Ventura a esta hora?", questionou.
A essa hora, o líder do Chega estava reunido com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a poucos metros da Assembleia da República.
A meio deste atribulado debate, um homem nas galarias exibiu uma faixa do movimento de extrema-direita "Habeas Corpus", tendo sido rapidamente retirado pela polícia, sem que a discussão tivesse sido interrompida.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.