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Costa diz não ser possível acordo com professores

Primeiro-ministro lamenta "posição intransigente" do sindicato e diz que não tem dinheiro para pagar 600ME/ano a professores.

05 de junho de 2018 às 15:54

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta terça-feira que não há disponibilidade do Governo para um acordo com os professores perante "a posição intransigente dos sindicatos", recusando igualmente que esta classe seja uma exceção no descongelamento de carreiras.

No debate quinzenal na Assembleia da República, a questão da falta de acordo com os professores quanto à contagem do tempo de carreiras foi introduzida pelo líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, que acusou o Governo de não cumprir com o que prometeu a esta classe.

"Não há disponibilidade para fazer o acordo com base na posição intransigente dos sindicatos, não havendo evolução não há mais negociação, a não ser que haja disponibilidade para evolução", afirmou António Costa.

Segundo o primeiro-ministro, os sindicatos foram apresentando sempre como proposta única a contagem de nove anos, quatro meses e dois dias "e nem menos de uma hora".

"O impacto da contagem desde 2011 seria de 600 milhões de euros, o acordo que o Governo pode fazer é de acordo com as disponibilidades", frisou, reiterando que a proposta do Governo permitiria contar dois anos, nove meses e 18 dias.

Fernando Negrão apontou que, no último Orçamento do Estado (OE), foi aprovada uma resolução relativamente a esta matéria, onde se previa a contagem de todo o tempo de serviço, o que foi contestado pelo primeiro-ministro.

Segundo António Costa, o que foi aprovado no OE para 2018 foi "a abertura do processo negocial para se definir o tempo e o modo dessa contagem, tendo em conta a sustentabilidade dos recursos disponíveis".

"Convém recordar que o que consta do programa de Governo foi o princípio do descongelamento de carreiras e o cronómetro foi reposto a contar para os professores", disse, apontando que este ano esse descongelamento aconteceu para cerca de 45 mil docentes, com uma despesa a rondar os 90 milhões de euros, e assim continuará nos próximos anos.

"É falso que os professores sejam uma exceção. Serão descongelados como os demais funcionários do Estado", sublinhou, considerando que este Governo "cumpriu com os professores".

Fernando Negrão aproveitou ainda o debate para confrontar o primeiro-ministro com outra matéria na área da educação, os mais recentes resultados das provas de aferição do ensino básico, manifestando-se preocupado e "profundamente indignado" com o que se está a passar na escola pública.

"Quando vem dizer que cumpriram com professore eu dou-lhe os parabéns, mas a esta bancada o que interessa é cumprir com os alunos", afirmou Negrão.

António Costa manifestou satisfação que o PSD já reconheça a importância das provas de aferição -- "se há insuficiências ainda bem que as detetamos a tempo" -- mas, durante o debate, recebeu a informação de que estes resultados se referiam a 2016, o primeiro ano de governação socialista.

"Sinto-me um bocado embaraçado, parece que o senhor deputado não sabe um dado essencial: são provas de aferição realizadas em 2016, referem-se a aprendizagem em anos anteriores", disse António Costa.

"Mas, o que é que isso resolve relativamente a estas crianças, aos pais destas crianças?", respondeu Negrão, lamentando que o primeiro-ministro opte pelo "ataque político".

Na sua intervenção final no debate entre os dois, Costa voltou ao ataque: "O senhor deputado ignorava e, por isso, chumba na sua aferição, se estas provas demonstram erros de políticas é de políticas do vosso governo e não deste".

Costa diz que Governo não tem dinheiro para pagar 600ME/ano a professores

O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo "não tem dinheiro" para suportar o impacto de "600 milhões de euros por ano" que representaria a contagem do tempo de serviço dos professores desde 2011.

António Costa, que já tinha sido questionado sobre o assunto durante o debate quinzenal na Assembleia da República, insistiu perante a deputada do PEV Heloísa Apolónia que o Governo "não tem dinheiro" para suportar o custo que implicaria contar o tempo de serviço dos professores entre 2011 e 2017, precisando que seriam "600 milhões de euros por ano".

"Quando falei em 600 milhões de euros não é o custo dos nove anos, quatro meses e dois dias. São só o custo que teria o tempo de 2011 a 2017 e, por mais faseamento que exista no final do dia, são sempre mais 600 ME por ano", precisou.

"E é para isso que não há condições", disse, frisando que a proposta do Governo - contar dois anos e nove meses e 18 dias - foi "ao limite das capacidades financeiras" existentes e é aquela que, "cumprindo a lei" e "com boa fé negocial", permite um "tratamento de igualdade relativamente aos outros servidores do Estado".

A deputada do PEV Heloísa Apolónia acusou o primeiro-ministro de se preparar para não cumprir a lei na negociação com os professores e declarou que o governo do PS "está a ser uma desilusão".

"Criar uma chantagem com os sindicatos, dizer que ou aceitam os dois anos e nove meses ou não levam nada. Este governo do PS está a ser uma desilusão", afirmou a deputada do PEV, partido que fez aprovar no parlamento, em dezembro do ano passado, uma resolução que prevê que, após o descongelamento das carreiras, deve ser contado todo o tempo de serviço para efeitos de progressão.

Heloísa Apolónia acusou o executivo de se preparar para "não cumprir a resolução da Assembleia da República" e a lei do Orçamento do Estado para 2018, recusando que o montante em causa sejam "600 milhões de euros por ano".

"O senhor sabe que não custaria 600 milhões de euros. Não seria a progressão de todos, ao mesmo tempo no mesmo dia e para que não tenha esse peso é que se fala em progressividade", disse Heloísa Apolónia, frisando que "os sindicatos estão dispostos a fasear a contagem de tempo de serviço".

No debate, Heloísa Apolónia questionou ainda o primeiro-ministro sobre as medidas para reduzir a utilização de plástico, afirmando recear que o Governo "vá pelo caminho errado".

"Taxar não é o correto, temos de trabalhar para a redução" da utilização dos plásticos, defendeu.

Sobre esta questão, o primeiro-ministro disse apenas que o governo apresentará "daqui a três dias" o relatório para a redução e reutilização dos plásticos.

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