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Os 230 - direita

Eles têm uma missão: Dar a conhecer os 230 deputados do Parlamento

"Os 230" nasceu da vontade um grupo de jovens em abrir as portas do mundo político ao cidadão comum. Objetivo é entrevistar todos os políticos com assento parlamentar na Assembleia da República.

"Os 230" nasceu da vontade um grupo de jovens em abrir as portas do mundo político ao cidadão comum. Objetivo é entrevistar todos os políticos com assento parlamentar na Assembleia da República.

28 de novembro de 2020 às 20:08

Representam o país nas bancadas da Assembleia da República. Uns sentam-se à direita, outros à esquerda, há os que defendem uma política mais centrista e até quem seja independente. São 230 os deputados que durante uma legislatura de quatro anos tomam decisões em representação dos portugueses e que ditam o rumo do País. Mas nem todos são figuras próximas e conhecidas do eleitorado. Quem são? De onde vêm? Quais as suas crenças e ambições? Qual a área das suas formações?

Foi pela falta de respostas a estas perguntas que surgiu o projeto "Os 230". O objetivo? Entrevistar os 230 deputados da Assembleia da República e desmistificar a ideia "distante e despersonalizada gerada à volta das figuras políticas da nossa sociedade". Quem o diz é Francisco Cordeiro Araújo, o jovem mentor do projeto.

Estudante de mestrado em Direito Internacional na Universidade de Lisboa, Francisco já vinha a ‘matutar’ na ideia faz tempo. Sabia que queria dedicar-se a um projeto relacionado com a cidadania e com a democracia. Foi então que se fez luz. "Sinto que vivemos numa sociedade muito entrincheirada. As pessoas têm a sua opinião mas nem sempre é informada e gostam de se enfrentar numa espécie de ‘campo de batalha’. Há um grande preconceito em relação aos políticos. As pessoas colocam-se de um lado oposto a esta figura. Acredito que essa ideia possa ser combatida de uma forma séria", revela.

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Os 230

Da ideia à ação foi um instante. Para o ajudar a pôr em prática a iniciativa, Francisco conta com uma série de outros jovens, estudantes ou recém-licenciados nas mais diferentes áreas educativas. Não se conheciam antes do projeto e juntaram-se porque acreditavam na ideia. Em comum, têm apenas o amor ao projeto, que se define como "apartidário, independente e sem fins lucrativos" e que pretende aproximar os políticos dos eleitores. Todos investem o seu tempo livre nas deslocações a São Bento, em Lisboa, onde a "magia" acontece.

As entrevistas são gravadas nos espaços imponentes da Assembleia da República e têm a duração aproximada de 45 minutos. A conversa centra-se sobretudo no percurso profissional dos deputados que aceitam o desafio, e pretende aproximar os eleitores dos seus representantes no Parlamento.

"É um processo bastante longo. A preparação de cada entrevista dura cerca de um dia. É o resultado de muita investigação. Costumo fazê-lo com bastante rigor para ser algo isento e credível", explica ao CM o fundador e a cara de "Os 230". "Queremos que as pessoas que nos acompanhem possam ter a oportunidade de conhecer a pessoa que elegem, para além do partido e do programa eleitoral".

O projeto tem sido bem recebido pelo público. Com apenas dez entrevistas publicadas, "Os 230" já reúnem quase 4000 seguidores no Instagram e mais de 900 subscritores no YouTube. O vídeo do primeiro convidado, João Cotrim de Figueiredo, presidente e deputado único da Iniciativa Liberal, conta com mais de 6000 visualizações em quase dois meses.

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Deputados aplaudem iniciativa

No seio dos grupos parlamentares, a iniciativa tem vindo a ser aplaudida e os protagonistas do projeto têm aderido em massa. "Até agora não tivemos nenhuma resposta negativa por parte dos deputados. Alguns ainda não contactámos, outros demoram mais a responder, mas estou confiante que ninguém vai dizer que não. Assim que percebem o que é o projeto congratulam-nos pela iniciativa e mostram um grande à vontade para fazer a entrevista", assume Francisco Cordeiro Araújo.

Quem o prova é José Luís Ferreira, deputado e líder do partido Os Verdes, um dos que já deu o "corpo às balas" por este projeto, que considera que deve ser valorizado.

"O projeto é tão interessante que permite criar proximidade entre os eleitos e os eleitores. Tem a vantagem acrescida de tornar mais consciente o voto. As pessoas têm uma ideia muito negativa daquilo que são os deputados e por isso este tipo de projetos podem ajudar a esbater essas conceções", assume.

Até agora, não tivemos nenhuma resposta negativa por parte dos deputados
Francisco Cordeiro Araújo

Já João Cotrim de Figueiredo, orgulhoso por ter sido a escolha para primeiro entrevistado da extensa lista dos 230, acredita que este tipo de iniciativas possam contribuir para que as figuras que ocupam cargos públicos passem a ser vistas como pessoas que têm "motivações, desejos e angústias", tais como qualquer cidadão.

"Hoje em dia vulgarizam-se expressões que metem a classe política toda no mesmo bolo e corre-se o risco de pensar que não são pessoas que estão por detrás destes mandatos", atira o presidente da Iniciativa Liberal, parabenizando o facto de as entrevistas desenhadas para os episódios de "Os 230" misturarem "matérias de interesse político e matérias pessoais, sem nunca personalizar demasiado".

Grupo já planeia novos projetos

Apesar de reconhecer que o projeto é bastante "ambicioso" - ao propor-se a entrevistar os 230 deputados da Assembleia da República -, Francisco Cordeiro Araújo não se mostra pronto a desistir e garante que está nos planos da equipa ter o projeto concluído dentro de um ano.

Ainda assim, este não é a única carta na manga destes jovens. "Democracia 101" e  "Sociedade 230" são os projetos que ainda estão no "forno".

Os episódios do projeto "Os 230" são publicados todas as semanas em várias plataformas digitais, tais como o Youtube, o Facebook, o Instagram e o Spotify.


Texto | Catarina Figueiredo

Fotografia e vídeo | Catarina Cruz

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