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Eurodeputada portuguesa defende que compromisso de aumento máximo de 1,5ºC da temperatura global é para manter

Lídia Pereira vai presidir à delegação do Parlamento Europeu na próxima cimeira do clima.

30 de outubro de 2025 às 08:02

A eurodeputada que vai presidir à delegação do Parlamento Europeu na próxima cimeira do clima destaca a liderança da União Europeia na luta climática e assegura que o compromisso de aumento máximo de 1,5ºC da temperatura global é para manter.

"É o compromisso de Paris e portanto não há vontade nem prioridade nessa revisão. Nós temos que estabelecer objetivos que sejam ambiciosos e, portanto, se nós estamos já a partir do pressuposto que não vamos conseguir cumprir esses objetivos, então há determinados acordos e compromissos que perdem a sua validade", diz Lídia Pereira em entrevista à agência Lusa, referindo-se aos 1,5ºC (graus celsius) de aumento máximo da temperatura global em relação à época pré-industrial, decidido no Acordo de Paris sobre o clima.

Lídia Pereira, eleita pelo PSD, é deputada do Parlamento Europeu (PE) desde 2019 e foi até há pouco tempo presidente da Juventude do Partido Popular Europeu (a família política do PSD). Vai presidir à delegação do Parlamento Europeu (PE) na próxima cimeira da ONU para o clima, a COP30, que vai decorrer no próximo mês no Brasil.

Na entrevista afirma que concordaria que a UE e os Estados insulares fizessem uma coligação de ambição climática, conforme sugere uma resolução do PE aprovada há uma semana. Recorda que as regiões insulares são das mais afetadas pelas alterações climáticas, e aponta as Maldivas como um país que "vive um risco verdadeiro de existência".

"Se nós pudermos em conjunto preservar... e não se trata só de conservação ambiental, estamos a falar de conservação cultural, da existência de um povo", sublinhou.

Para Lídia Pereira, a UE tem "uma proximidade grande" aos Estados insulares, como tem com os países em desenvolvimento, do "sul global".

Lídia Pereira fala também de outras "geografias do mundo" das grandes potências mundiais, para dizer que é preciso trabalhar com todos na mitigação das alterações climáticas: "Não podemos achar que a UE vai resolver o problema das alterações climáticas sozinha".

"Mas a UE continua a ter um papel essencial nessa promoção desse diálogo", salienta a eurodeputada, recordando que na conferência do clima do ano passado em Baku, Azerbaijão, também foi a chefe da delegação do PE, lembrando por isso as interações com outras delegações parlamentares.

"E a verdade é que todos esses países, e muitas vezes países de pequenas ilhas, de Estados que estão muito expostos às alterações climáticas, todos esses países nos dizem que olham para a UE como o grande motor das soluções e das políticas ambientais que podem ser introduzidas no esforço global de mitigação das alterações climáticas", considera.

Trata-se de algo, afiança, que não é negligenciável. E por isso espera ambição do Conselho Europeu, afirmando que o PE tem sido, "talvez em paralelo com a Comissão", a instituição mais ambiciosa em termos ambientais. Porque "se não continuarmos no caminho da descarbonização" estamos "a comprometer as gerações futuras".

E se a UE é uma parte importante no contexto da luta climática, contribuindo com um terço dos financiamentos necessários, mas representando só 6% das emissões globais de gases, entende a responsável que o bloco europeu está onde deve estar, que é "do lado da solução".

Lídia Pereira diz que é preciso convocar os outros países, nomeadamente a China, o Japão, ou os Estados Unidos. E se este país voltou a sair do Acordo de Paris, a eurodeputada nota que vários estados norte-americanos continuam comprometidos com a agenda climática e com a descarbonização.

A eurodeputada recorda que o PE declarou a emergência climática em 2019, em parte devido ao apoio popular e às manifestações de jovens, e lembra o que veio a seguir, como o "Green Deal" logo em 2020, ou a aprovação da Lei Europeia do Clima, em 2021.

Mas recorda também que, se a emergência climática se mantém, o contexto geopolítico transformou-se. "Não podemos ignorar as questões associadas à competitividade europeia neste plano mais complexo, da passagem da bipolaridade para um mundo muito mais multipolar, com vozes, enfim, com um certo autoritarismo a tomar conta das democracias".

Refere ainda que o compromisso com o ambiente "é para gerações" e o poder político não pode ficar indiferente às questões do clima e do ambiente.

A COP30 realiza-se no Brasil de 10 a 21 de novembro. A delegação do PE estará presente durante os trabalhos, em coordenação com a Comissão Europeia e com o Conselho Europeu.

O grande objetivo das conferências da ONU é levar os países a reduzirem as emissões de gases com efeito de estufa, nomeadamente dióxido de carbono, para impedir um grande aquecimento do planeta.

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