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“Fico triste. Mas é a vida”: Deputado Duarte Pacheco diz adeus ao Parlamento ao fim de 30 anos

Duarte Pacheco deixa o Parlamento sem ter sido colocado nas listas do PSD e sem ter uma explicação. Ainda assim, garante que apoia Luís Montenegro sem qualquer rancor.

Duarte Pacheco deixa o Parlamento sem ter sido colocado nas listas do PSD e sem ter uma explicação. Ainda assim, garante que apoia Luís Montenegro sem qualquer rancor.

22 de janeiro de 2024 às 12:31

Duarte Pacheco foi deputado pela primeira vez aos 25 anos. Fica agora de fora das listas da AD aos 58. Ao Correio da Manhã abriu a porta do gabinete que ocupa há vários anos na Assembleia da República e admite que ficou "triste" quando Miguel Pinto Luz lhe ligou na noite do Conselho Nacional a informá-lo que o partido não contava com ele.

Sem rancor admite que "as explicações ainda não foram dadas", mas na campanha vai estar ao lado do líder que diz ser a opção certa para Portugal.

Nesta entrevista ao CM, recorda o ídolo político Cavaco Silva como Presidente e primeiro-ministro. Mas não esquece a sua forma de liderar. "Com o Dr. Jorge Sampaio havia um cálice de porto e bolo rei para podermos fazer um brinde, com o professor Cavaco Silva nem com um copo de água. O professor Marcelo convida-nos para almoçar. São coisas muito distintas", revela.

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"Aqueles anos de governação [de Cavaco Silva] foram excecionais"

Ainda deputado fala-nos da época em que teve "medo" na rua: quando a troika esteve em Portugal. Para Duarte Pacheco ser político hoje "não é um currículo, é cadastro". 

Leva-nos aos Passos Perdidos: local emblemático que os portugueses estão habituados a ver na televisão.

O Parlamento que deixa tem uma linguagem "mais agressiva porque tudo é visto na lógica 'se eu ganhei o debate, se perdi o debate' e, portanto, é da lógica dos soundbites", descreve.

Responde a todas as questões. Diz que já tem um novo convite, telefonaram "no dia a seguir" mas garante que "não é um tacho. É trabalho. As empresas não são a Santa Casa da Misericórdia".

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Duarte Pacheco diz que o tempo mais duro no Parlamento foi “durante a governação da Troika”

No dia em que José Sócrates anunciou cortes salariais ficou furioso. "Ninguém gosta de levar 15% de cortes de salários", recorda.

É a favor de um debate sobre os ordenados dos políticos porque "não podemos querer que só venham as pessoas que ganham mal lá fora".

E revela ainda o maior momento de cortar à faca: "Quando há uma mudança de líder. E que tenha uma bancada que não é aquela que ele escolheu, por vezes, temos momentos muito duros".

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"Ninguém gosta de levar 15% de cortes de salários"

António Costa foi "mau primeiro-ministro", Luís Montenegro será melhor. É amigo de Pedro Nuno Santos. Hoje diz que é mais difícil fazer pontes e até mesmo amizades entre diferentes bancadas.

"Há 30 anos era mais fácil estabelecer pontes e criar amizades profundas entre pessoas de diferentes forças políticas", confessa. Mesmo nas pequenas coisas. No restaurante se "está um colega sozinho do PS e chega um colega do PSD, senta-se sozinho na mesa ao lado". 

E mesmo o dia-a-dia dos deputados mudou. "Há mais cuidado" e até coisas que já não se fazem. Recorda os encontros entre deputados e clubes de futebol que acabaram. Fala abertamente do gosto do culturismo.

Hesitou quando foi capa de revista mas Pedro Nuno Santos disse-lhe: "se ouvires bocas é porque estão com inveja tua". Até Ferro Rodrigues incentivou. O "Presidente da Assembleia disse-me: 'Não, eu gosto de pessoas com coragem, vai em frente'", remata.

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"Há 30 anos era mais fácil estabelecer pontes e criar amizades profundas entre pessoas de diferentes forças políticas"

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