Candidatos do espaço da esquerda estiveram frente-a-frente em mais um debate presidencial.
No debate presidencial desta segunda-feira, dois modelos de esquerda estiveram frente-a-frente: Jorge Pinto, apoiado pelo Livre, e António José Seguro, antigo secretário de Estado do Partido Socialista.
No frente a frente desta segunda-feira, Jorge Pinto culpou António José Seguro por não existir uma candidatura agregadora da Esquerda a Belém e acusou o socialista de não ter defendido a Constituição "quando os portugueses precisavam", numa crítica à "abstenção violenta" de Seguro quando foi líder da oposição no governo de Passos Coelho. "Falar do passado é essencial para falar do futuro. Dia 1 de dezembro deixou de ser feriado com alterações do Código do Trabalho que contaram com a abstenção do partido socialista de Seguro", sublinhou o candidato do Livre.
O oponente frisou que é do "espaço do socialismo democrático, da social democracia", e que teve "coragem" para avançar em junho, quando o apoio do PS não era certo. E lembrou o "período muito difícil" de resgate financeiro da troika para justificar a sua posição nesses anos e o facto de ter deixado passar medidas que o Tribunal Constitucional mais tarde deitou abaixo. "Tomei a opção que me pareceu correta, que foi a opção pela responsabilidade e pelo interesse nacional".
Sobre o pacote laboral do Executivo da AD, hoove convergência entre os candidatos. O socialista revelou ter uma "clara inclinação no sentido de não aceitar a proposta que possa chegar a Belém", ainda que mantendo não querer ser "taxativo" quando as negociações ainda decorrem. Jorge Pinto reiterou que a proposta atual não responde às "prioridades" do país e que lhe daria "veto político" caso fosse presidente.
Onde voltaram a divergir foi no tema de uma eventual futura reforma da Constituição. Ainda que ambos defendam que tal não é solução para resolver os problemas do país, Seguro questionou a posição do candidato do Livre de que, numa "situação excecional e de grande gravidade" dissolveria o Parlamento. "Se houvesse uma dissolução, a campanha ia centrar-se em quê? Num debate sobre as propostas de governo ou num plebiscito a essa proposta de revisão constitucional? (...) Considero isso irresponsável".
Jorge Pinto contrariou, afirmando que o que eventualmente estaria em causa seria uma "revisão drástica, apenas à direita" e que implicasse mudanças de regime , "então sim, o poder do Presidente da República serve para esse tipo de intervenção, de dissolver a Assembleia da República".
A Saúde também foi tema. A recente nomeação do juiz Carlos Alexandre para liderar uma comissão de combate à corrupção no SNS mereceu a incredulidade do candidato socialista — "o SNS não tinha já meios para prevenir a fraude? — e sublinhou que "o que é necessário é que o SNS promova o acesso de todos os portugueses à saúde a tempo e horas".
Para isso, defendeu a necessidade "de os partidos políticos se entenderem" num pacto de regime, e defendeu que o Presidente pode "de algum modo, exigir que os partidos se sentem a uma mesa e contribuam com propostas para se encontrar um compromisso de médio e longo prazo". Já o candidato apoiado pelo Livre voltou a criticar o que descreve como "operações de marketing" do atual executivo do PSD.
"Quando digo que é marketing, é porque o governo disse que ia resolver os problemas em 60 dias; já passaram mais de 600 e esse plano ainda não surgiu", afirmou. Defendeu ainda a necessidade deefendendo a necessidade de rever "como fixar quadros" na saúde pública, e instou o futuro presidente a usar os seus poderes para "promover uns Estados Gerais da Saúde" como modo de "defender" o SNS.
Sobre a imigração, o candidato do Livre foi perentório ao rejeitar o "clima envenenado" do sentimento anti-imigração, e puxou da sua própria história pessoal como filho de emigrantes. "A minha mãe, portuguesa e só com portugueses em casa, conseguiu aprender francês porque teve essa oportunidade na escola pública" disse. "Não vou alinhar neste 'sabor dos tempos' em que atacar a imigração é o alfa e omega da política em Portugal (...) A imigração deve honrar-nos. As pessoas querem vir para Portugal porque querem fazer aqui as suas vidas, da mesma que os portugueses que saíram de Portugal foram dar esse contributo no estrangeiro", reiterou.
Seguro considerou que "o país precisa da imigração porque há uma parte substancial dos setores da nossa economia que não conseguem sobreviver sem essa mão de obra", ainda que esta deva ser "regulada na entrada, no acolhimento e na integração.
No final, pese embora as diferenças vincadas, António José Seguro lembrou que ambos os candidatos disputam ao mesmo eleitorado, e apelou ao voto útil como forma de garantir que a segunda volta não é disputada entre candidatos da direita. "Não vim aqui combater contra si, não é o meu inimigo", disse, dirigindo-se a Jorge Pinto. E garantiu que iria ficar na corrida até ao fim — "porque sei o que farei como presidente".
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