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Marcelo Rebelo de Sousa soube ao acordar que já havia votação para inviabilizar moção de censura

Presidente da República enquadrou apresentação de moções de censura no normal funcionamento da democracia.

17 de fevereiro de 2025 às 16:58

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que soube, esta segunda-feira, ao acordar, no Recife, que já havia votação para inviabilizar uma eventual moção de censura do Chega ao Governo PSD/CDS-PP.

Questionado pelos jornalistas, no Real Hospital Português de Beneficência, no Recife, o chefe de Estado recusou comentar essa eventual iniciativa, mas relatou que "estava a meio do Oceano Atlântico, quando soube, por acaso, através do senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros -- que é mais rápido no domínio das tecnologias digitais -- que havia uma moção de censura".

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que, "depois, hoje, ao acordar, verificou que já havia votação contra a moção de censura que a inviabilizava".

O Presidente da República chegou no domingo à noite ao Recife, para uma visita oficial ao Brasil, a convite do Presidente Lula da Silva, que o receberá na terça-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.

Embora recusando "comentar iniciativas partidárias e posições partidárias", Marcelo Rebelo de Sousa enquadrou a apresentação de moções de censura no normal funcionamento da democracia.

"A democracia faz-se desse funcionamento, há um partido que entende apresentar ou não a moção de censura, outros partidos vão dizendo que vão votar contra e, portanto, inviabilizam a moção de censura. Mas isso faz parte da vida partidária com projeção parlamentar", considerou.

Interrogado se concorda com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que o presidente do Chega, André Ventura, ameaçou com uma moção de censura para desviar atenções, o chefe de Estado respondeu que não iria nem "comentar as estratégias dos partidos, o que é que elas significam" nem "o que é que os outros partidos pensam dessas estratégias".

No domingo, o presidente do Chega, André Ventura, ameaçou apresentar uma moção de censura ao Governo PSD/CDS-PP, se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não desse explicações ao país num prazo de 24 horas sobre uma empresa da qual foi sócio e que agora pertence à sua mulher e aos filhos de ambos.

Esta segunda-feira, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, recusou dar "para o peditório" do Chega, que acusou de querer "desviar as atenções dos seus problemas internos" -- numa altura em que eleitos e dirigentes do Chega têm sido notícia pelo seu envolvimento em casos na justiça, com acusações por crimes como roubo de malas e prostituição de menores.

O executivo minoritário chefiado por Luís Montenegro tem na Assembleia da República o apoio de 80 dos 230 deputados: 78 do PSD e dois do CDS-PP. Sem o voto favorável do PS, que tem 78 deputados, qualquer moção de censura tem chumbo assegurado.

O Chega é a terceira força na Assembleia da República, com 49 deputados, seguindo-se a IL, com 8. Os demais partidos da oposição têm no seu conjunto 14 deputados: 5 do BE, 4 do PCP, 4 do Livre e 1 do PAN e um não inscrito, Miguel Arruda.

Sobre a empresa da família de Luís Montenegro, que tem como nome Spinumviva, o Correio da Manhã noticiou no sábado que "poderá beneficiar com a alteração à lei dos solos aprovada pelo Governo" e que, sendo o primeiro-ministro "casado em comunhão de adquiridos com a principal sócia da firma", isso o deixará "numa situação de potencial conflito de interesses".

Em resposta ao Correio da Manhã, o primeiro-ministro defendeu que não existe qualquer conflito de interesses, afirmou que desde 30 de junho de 2022 não é sócio dessa empresa, de que foi fundador e gerente, e que "nunca foi, não é e não será objeto da atividade da empresa qualquer negócio imobiliário ligado à alteração legislativa" da lei dos solos.

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