Presidente da autarquia saiu da reunião pelas 12h para se encontrar com a ministra da Saúde.
A oposição à liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa criticou esta segunda-feira o facto de o presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), ter saído da reunião extraordinária sobre o acidente com o elevador da Glória, que acabou por ser interrompida.
Segundo o gabinete do presidente da câmara, Carlos Moedas saiu da reunião do executivo municipal pelas 12h00 para se encontrar com a ministra da Saúde no sentido de ter "um ponto de situação sobre os feridos" do descarrilamento do elevador da Glória, que ocorreu na quarta-feira e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
A reunião extraordinária da câmara, que começou pelas 09h30, para discutir medidas sobre o acidente, foi interrompida pelas 13h00, prevendo-se a retoma pelas 14h30, para votação das propostas da liderança PSD/CDS, PS e PCP.
O vereador do PS Pedro Anastácio disse que Carlos Moedas "abandonou a reunião" e repudiou a ausência na discussão de "uma situação com esta gravidade", considerando ainda que a sessão já deveria ter acontecido e referindo que, após os trabalhos da manhã desta segunda-feira, "ainda há muitos aspetos que são necessários esclarecer".
O PS propõe medidas para apoio às vítimas, "transparência e esclarecimento profundo, cabal e célere" sobre o acidente, e para garantir a confiança dos equipamentos da cidade de Lisboa, assim como a criação de um memorial de homenagem às vítimas.
O socialista manifestou disponibilidade para consensualização das propostas, considerando que há pontos comuns entre PS e PSD/CDS-PP.
Sobre a entrevista de Carlos Moedas à SIC no domingo, Pedro Anastácio pediu ao social-democrata que se retrate publicamente quanto ao "aspeto especialmente insultuoso e inaceitável" de ataque à memória do antigo ministro Jorge Coelho, quando referiu a sua demissão após a tragédia da ponte de Entre-os-Rios.
Do PCP, João Ferreira apresentou também uma proposta de apoio às vítimas e apuramento de causas e de responsabilidades, incluindo "a constituição de uma comissão de avaliação integrando membros dos serviços municipais da Carris, das organizações representativas dos trabalhadores e de instituições do sistema científico e tecnológico nacional", para reforçar as condições de inspeção e de manutenção dos elevadores.
O comunista disse que as respostas do presidente da Carris nesta reunião do executivo "não dissiparam todas as dúvidas, também porque há questões às quais ainda não existe uma resposta", referindo que é preciso procurar uma definição mais precisa das redundâncias existentes, "se necessário propondo novos elementos que possam reforçar a segurança".
O PCP sugere ainda uma avaliação das condições necessárias a uma futura internalização do serviço de manutenção na Carris, no sentido de reverter o processo de externalização, indicando que havia alertas dos trabalhadores sobre manutenção e segurança dos elevadores: "Alguns dos alertas foram públicos."
Rui Tavares, do Livre, disse que "as causas e as consequências políticas" deste acidente têm de apuradas na sua cadeira hierárquica: "Não é possível, evidentemente, dizer que as coisas correram bem, porque este é um acidente que não deveria, não poderia ter acontecido."
O vereador do Livre acusou Carlos Moedas de querer "pôr o país todo a discutir o trambolho [peça de encaixe] e se há uma responsabilidade direta dele sobre o trabalho da cabine 1 do elevador da Glória", e afirmou que "é com descuido precisamente com o turismo que depois acontece um acidente destes".
"Há matéria de segurança que não está a ser seguida como deve ser pela Câmara Municipal de Lisboa", criticou Rui Tavares, considerando que "há um padrão de um presidente de câmara que ligou mais a alguns projetos de vaidade do que a estes projetos essenciais para a vida da cidade", como o lixo ou a iluminação pública.
Do BE, Ricardo Moreira disse que para Carlos Moedas "parece que correu tudo bem e ele próprio considera que não é responsável por nada". No seu entendimento, é "absolutamente inadmissível" que o social-democrata tenha dito que correu tudo bem e que tenha "fugido" da reunião de câmara.
O bloquista indicou que o número de pessoas a usar os ascensores de Lisboa subiu "mais de 50% entre 2022 e 2024", no entanto a Carris lançou este ano um contrato de manutenção que tem "um preço 30% abaixo do que o de 2022".
"Com certeza que com mais manutenção, mais inspeção, isso não teria acontecido [...]. A responsabilidade política é de Carlos Moedas e Carlos Moedas foge dessa responsabilidade como o diabo da cruz", declarou o vereador do BE.
Dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Rui Franco lamentou que Moedas tenha passado "ao ataque num momento em que toda a oposição tinha tido muito cuidado com não misturar a avaliação crítica e perspetiva daquilo que se passou com o momento de honrar as vítimas".
Chegando a hora do escrutínio, Rui Franco referiu que "primeira responsabilidade falhou" por parte do município de Lisboa - de garantir a segurança destes equipamentos - e indicou que, antes do acidente, "ainda há poucas semanas", os protocolos de manutenção e inspeção foram relançados e assumidos por este presidente de câmara, mas ficou demonstrando "que não eram suficientes".
"Inúmeras vezes apontamos falhas e incumprimentos em diversos equipamentos que precisavam de ser recuperados e melhorados", expôs o vereador, referindo que essas intervenções "não foram feitas, como ainda hoje estão por fazer".
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