A marcação de uma missa e procissão com a imagem de Nossa Senhora da Esperança (grávida), para apelar ao ‘não’ ao aborto, está a dividir os cristãos de Pataias, em Alcobaça. O pároco convocou os fiéis através de um anúncio publicado na Folha Paroquial, mas o apelo deixou espantados muitos dos paroquianos.
“Se é para pôr uma barriga de grávida na imagem da nossa padroeira, não acho bem”, queixava-se ontem uma mulher de meia-idade, à saída da Igreja de Pataias.
A Nossa Senhora da Esperança é venerada pelos católicos por ser a imagem da Virgem na iminência do parto divino. No entanto, os crentes não entendem as razões que levaram o padre Virgílio Francisco a usar a palavra grávida no texto da convocatória, para a celebração de 1 de Fevereiro, às 21h00.
“Fomos todos apanhados de surpresa”, adiantou um elemento da Comissão da Igreja, que pediu para não ser identificado. Como o sacerdote tem estado num retiro espiritual, os paroquianos aguardam pelo fim-de-semana para serem esclarecidos.
Quem não tem dúvidas quanto às intenções do padre é Maria Castanheiro, de 75 anos. “Eu não o censuro. É uma boa forma de a Igreja chamar a atenção dos jovens para o problema do aborto”, diz.
Vítor Coutinho, chefe de gabinete do bispo Leiria-Fátima, também desdramatiza a questão. “Não vejo nada de mal na evocação de Maria, na referência a uma mulher que espera um filho para apelar a uma opção por valores concretos”, afirma. Os sacerdotes têm orientações de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, para não usarem as celebrações religiosas como acções de campanha directa ao sentido de voto no referendo ao aborto.
O pároco de Pataias exorta os fiéis a rezarem “para que todas as pessoas saibam dizer ‘não’ a todas as formas de violência e de morte, sobretudo as que afectam os mais frágeis e indefesos”. Mas, segundo Vítor Coutinho, este apelo enquadra-se nas indicações dadas pelo bispo.
AUTARQUIAS
O Conselho de Ministros aprovou ontem a transferência de uma verba de 419,362 euros para os municípios, visando comparticipar as despesas com a realização do referendo sobre aborto.
MÉDICOS
O anterior responsável da Entidade Reguladora da Saúde, Rui Nunes, vai solicitar à Ordem dos Médicos a revisão do Código Deontológico dos Médicos, no dia seguinte ao referendo ao aborto, qualquer que seja o resultado da consulta popular.
CONSULTA
O presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco, classificou ontem a consulta de planeamento familiar após uma Interrupção Voluntária da Gravidez como uma parte “fundamental” deste processo.
CARTA ABERTA: SITE POLÉMICO
A deputada do BE Helena Pinto enviou ontem uma carta aberta a Sarsfield Cabral, director da Rádio Renascença e colaborador do bloguedonao, a chamar a atenção para ligações daquele site a “conteúdos fascistas”.
MÉDICOS PELO 'NÃO'
Médicos defensores do ‘não’ propuseram ontem esclarecer as pessoas sobre “a verdade” do aborto, através da visualização de ecografias, para ilustrar como são os embriões às dez semanas.
DEPUTADOS PELO 'SIM'
Um grupo de deputados do Parlamento Europeu participa domingo, em Lisboa, numa iniciativa da campanha pelo voto no ‘sim’. Entre as presenças confirmadas estão, entre outros, a de Edite Estrela e de Miguel Portas.
EMIGRANTES EM CONCENTRAÇÃO
Um grupo de emigrantes em Barcelona, Espanha, realizam domingo uma concentração contra a não participação no referendo dos portugueses residentes no estrangeiro.
CONTRA PS E BE
PSD, PCP e CDS-PP uniram-se contra o PS e o BE na oposição à possibilidade de os partidos contribuírem financeiramente para a campanha dos grupos de cidadãos eleitores no referendo de 11 de Fevereiro.
RUI MACHETE - FUNDAÇÃO LUSO-AMERICANA
“O meu voto prende-se fundamentalmente com o facto de este referendo ser uma posição de liberalização, quando o que se pretendia era uma situação que não penalizasse as mulheres que abortam. Envolveria questões de formulação ao nível de comparticipação no crime e que são insusceptíveis de serem analisadas com base nas perguntas simplificadas do referendo.”
ALIVE VIEIRA - ESCRITORA
“Voto ‘sim’ à despenalização. Não quero ver as mulheres passarem pelo trauma de fazer um aborto e ainda ir para a cadeia. Já passei por três abortos espontâneos e sei o que custou, quanto mais quem se vê obrigado a fazê-lo. Para além disso, não há como fazer as coisas pelo seguro, com condições de higiene. A minha posição é, sublinhe-se, contra a penalização.
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