Jerónimo de Sousa discursava no tradicional comício que encerra a 46ª Festa do Avante!, no Seixal, distrito de Setúbal.
O secretário-geral do PCP acusou este domingo o Governo de medidas "faz-de-conta" e de usar a inflação, esteja alta ou baixa, como justificação para não aumentar rendimentos, defendendo que o executivo deve agir e não "esconder-se".
Jerónimo de Sousa discursava no tradicional comício que encerra a 46ª Festa do Avante!, no Seixal, distrito de Setúbal, e, na véspera de um Conselho de Ministros extraordinário no qual vão ser aprovadas medidas para combater o atual contexto de inflação, o líder comunista considerou que "é preocupante e grave a espiral inflacionista que leva já um ano e avança sem freio".
"Mas, não menos grave, é a política das medidas faz-de-conta. Uma política que foge ao essencial, que foge à reposição do poder de compra dos salários e pensões e ao necessário e indispensável controlo dos preços", criticou.
Na opinião do secretário-geral do PCP essa política "une o Governo do PS e o conjunto das forças retrógradas e reacionárias de PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega com as suas falsas e hipócritas medidas de assistencialismo para esconder a origem e os mecanismos da extorsão e da sobre-exploração".
"Espiral inflacionista que vendiam à opinião pública como um fenómeno passageiro, ao mesmo tempo que rejeitavam o aumento dos salários para não animar a inflação. Bem conhecemos a cartilha dos que apostam na exploração do trabalho: quando não há inflação recusam o aumento do aumento dos salários por essa razão, quando há inflação não se aumentam os salários para não favorecer a 'espiral inflacionista'", criticou.
"Ou seja, os trabalhadores e o povo pagam por ter cão e pagam por não ter sempre à pala da inflação", afirmou.
Neste contexto, o líder comunista desafiou o Governo a agir e não a "esconder-se".
"Esta fúria exploradora e especulativa que avança impune precisa de ser travada. O Governo pode e deve intervir e não esconder-se, como defendem PSD, CDS, IL, Chega e CDS, por detrás das falsas regulações para servir os interesses do grande capital e a nova ordem liberal privatizadora", defendeu.
Na ótica do PCP, são necessárias medidas de emergência com efeitos a partir de setembro, entre elas, o "aumento geral dos salários e das pensões numa percentagem que assegure já este mês a reposição e valorização do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados" e o "aumento intercalar do Salário Mínimo Nacional para 800 euros".
O tabelamento ou fixação de preços máximos de bens essenciais, "designadamente energia, combustíveis e bens alimentares, incluindo a possibilidade de fixação de preços abaixo daqueles que são hoje praticados", bem como a redução do IVA sobre a eletricidade e o gás para 6% foram outras das medidas enumeradas.
O partido insiste na tributação extraordinária de lucros das empresas e, no campo da habitação, propõe "a fixação de um 'spread' máximo para conter o aumento dos encargos suportados pelas famílias com o crédito à habitação, e a aprovação de um regime de suspensão da execução de hipotecas e despejos".
Num discurso de cerca de 45 minutos, o líder dos comunistas deixou várias críticas ao executivo liderado por António Costa, fazendo ainda referência à recente demissão da ministra da Saúde, Marta Temido.
"O Governo sabe que quanto mais tempo passa sem tomar medidas essenciais, mais se degrada a resposta do SNS [Serviço Nacional de Saúde]. Apesar disso, o Governo não avança com soluções! Não é com demissões de ministros que se salva o SNS. É com investimento, valorização e fixação de profissionais que se garante o direito à saúde", avisou.
Em vários momentos da sua intervenção, Jerónimo de Sousa aumentou o tom crítico, recorrendo até à ironia, nomeadamente quando falava da "Agenda para o Trabalho Digno" -- conjunto de medidas do Governo para combater a precariedade no setor laboral.
"Vamos lá ver o que é que ele [PS] entende por trabalho digno [...] a anunciada garantia da dignidade ficou apenas no título da dita agenda", ironizou em dois momentos.
Jerónimo referiu-se também ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Cantaram-se hossanas a um PRR salvador. Diz-nos agora o governador do Banco de Portugal que o seu impacto estrutural será limitado. Tanto foguetório, tanta propaganda! Mais dinheiro para o grande capital que vive dos setores de renda assegurada. Pouco, muito pouco para superar os nossos défices estruturais, modernizar, inovar e diversificar os nossos setores produtivos e para o apoio às MPME [Micro, Pequenas e Médias Empresas]" lamentou.
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