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“Pressão política dificultou a gestão”: CEO da TAP foi ouvida no parlamento durante sete horas

“Sou um mero bode expiatório”, disse Christine Ourmières-Widener na comissão de inquérito à gestão da companhia aérea.

05 de abril de 2023 às 01:30

“Não esperava uma pressão política tão grande quando fui contratada em 2021”, afirmou na terça-feira Christine Ourmières-Widener durante a audição na comissão de inquérito à tutela política da TAP.

A CEO da companhia afirmou que “é muito difícil gerir a empresa, ainda é. Com toda a pressão política e dos media tem sido difícil manter o foco da equipa de gestão”.

Na sua intervenção inicial, Christine Widener foi demolidora ao afirmar: “Sou um mero bode expiatório, fui demitida pela televisão por dois ministros num processo ilegal e continuo em funções sem orientações”. Durante a sua inquirição, a CEO reafirmou que, no domingo anterior à conferência de imprensa em que foi exonerada (dia 5 de março), teve uma reunião com Fernando Medina, em que o ministro das Finanças lhe disse que “a situação estava complicada”, mas nunca “me disse que ia ser despedida por justa causa. Pediram-me que me demitisse”. Christine Widener disse que recebeu a notificação formal “uma semana depois”, não tendo “conhecimento da sua data de saída da companhia até hoje”.MOODY'S REVÊ EM ALTA O RATING DA TAPA Moody’s reviu em alta vários ratings da TAP (de B3 para B2), passando para positiva a perspetiva da empresa. Também o rating da emissão obrigacionista de 375 milhões de euros da companhia foi revisto de B3 para B2.

Um outro episódio que ilustra a pressão política foi introduzido pela Iniciativa Liberal (IL), que divulgou uma troca de emails entre a CEO e o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, em que este pressiona a CEO para alterar um voo onde vinha Marcelo Rebelo de Sousa (Lisboa-Moçambique). “Não podemos correr o risco de perder o apoio político do Presidente... se o seu humor muda está tudo perdido. Uma frase sua contra a TAP e o resto do País fica contra nós. É o nosso maior aliado mas pode tornar-se no nosso maior pesadelo”, escreveu Hugo Mendes. A CEO foi indagar se o pedido tinha partido da Presidência, tendo concluído que não. O voo não foi mudado. “O Presidente encontrou outra solução. Ele nunca pediria para mudar um voo porque teria impacto noutras pessoas. Fiquei muito contente com o resultado”, disse Christine Widener.

“DESALINHADA”

Galamba preparou reunião da CEO

A ida da CEO à Comissão Permanente de Assuntos Económicos no dia 17 de janeiro foi antecedida de uma reunião entre Christine Widener com elementos do grupo parlamentar do Partido Socialista (PS) e com vários assessores e chefes de gabinete do Governo. Esta reunião foi preparada pelo ministro João Galamba, e motivou, na terça-feira, a indignação de vários deputados do PSD e do Chega. Um dos deputados do PS que esteve presente nesse encontro foi Carlos Pereira.

PORMENORES

PSD PEDE PARECER PARA “JUSTA CAUSA”

PS QUER AVALIAR DECLARAÇÕES DO CFO

MOODY'S REVÊ EM ALTA O RATING DA TAP

A Moody’s reviu em alta vários ratings da TAP (de B3 para B2), passando para positiva a perspetiva da empresa. Também o rating da emissão obrigacionista de 375 milhões de euros da companhia foi revisto de B3 para B2.

Os aviões Airbus foram comprados com uma poupança de 233 milhões"

O antigo ministro da Economia do Governo de Passos Coelho disse na terça-feira que a compra dos aviões para a TAP pelo consórcio privado Atlantic/Gateway (de David Neeleman e Humberto Pedrosa) foi realizada com um desconto de 233 milhões de euros sobre o preço de venda. “É totalmente falso, infundado e injurioso que o Governo, eu ou senhor secretário de Estado Sérgio Monteiro, tenhamos autorizado ou sido condescendentes com uma aquisição de aviões acima do preço justo de mercado”, afirmou. Aquele responsável afirmou ainda que que não tem razões para desconfiar de Humberto Pedrosa e Lacerda Machado (que desenhou a renacionalização). “Se a TAP fosse 100% privada, o Estado não teria que injetar 3,2 mil milhões de euros, em especial os mil milhões na operação do Brasil”, disse Pires de Lima, que considerou a operação no Brasil como “um cancro” para a companhia.

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