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PS, Livre, PCP e PAN repudiam ato "provocador" de Ventura em manifestação de imigrantes

Durante o debate parlamentar, o líder do Chega saiu do plenário com alguns deputados do seu partido e dirigiu-se à frente do edifício, onde se encontravam várias centenas de imigrantes.

17 de setembro de 2025 às 19:09

PS, Livre, PCP e PAN repudiaram esta quarta-feira o ato "provocador" do líder do Chega, que se dirigiu a uma manifestação de imigrantes em frente ao parlamento, com o líder parlamentar socialista a advertir para consequências graves no regime democrático.

"Não só o debate [sobre incêndios] foi contaminado com uma troca de argumentos laterais à discussão central, como no meio do debate tivemos uma cena de provocação que o PS não vai deixar passar em claro. Por muito que nos digam que isto apenas coloca a extrema-direita no centro do debate, a verdade é que este comportamento precisa de um repúdio firme dos democratas", apelou o líder parlamentar do PS, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

Eurico Brilhante Dias falava no final de um debate no parlamento sobre uma proposta do PS de criação de uma Comissão Técnica Independente para analisar os incêndios deste verão, que acabou por ser aprovada.

Durante o debate parlamentar, o líder do Chega, André Ventura, saiu do plenário com alguns deputados do seu partido e dirigiu-se à frente do edifício, onde se encontravam várias centenas de imigrantes, que se manifestavam de forma pacífica.

O protesto terminou com um momento de muita tensão depois de a comitiva do Chega se ter dirigido ao local. Nessa altura, pessoas que estavam na manifestação dirigiram-se a André Ventura a gritar palavras como "fascista", "racista" e "Portugal é de quem trabalha".

André Ventura disse então: "Querem regras, a lei serve para quem quer cumprir regras. A lei visa pôr regras, não vamos desistir".

O líder parlamentar do PS avisou que "se os democratas não se organizam e não combatem este tipo de atitudes, a sociedade portuguesa está a caminhar para uma confrontação que trará à nossa vida, dos nossos filhos, dos nossos netos, uma vida muito pior".

"Esta confrontação, mesmo no meio de um debate que era tão importante, foi acintoso, provocador e leva a sociedade portuguesa para um caminho que não é positivo", lamentou.

Brilhante Dias apelou também aos jornalistas para que este ato "não seja reportado como normal", afirmando que os deputados e partidos "não são todos iguais".

Também a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, acusou André Ventura de "incendiar uma manifestação pacífica" depois de ter "atacado tudo e todos" e "incendiado o debate" em vez de "falar a sério" na discussão sobre a prevenção de incêndios no país.

"Esta contaminação estende-se além do partido de extrema-direita e torna na verdade o diálogo muito difícil de fazer na Assembleia da República e noutros quadrantes", lamentou a deputada.

Isabel Mendes Lopes pediu aos "partidos democráticos" que "rejeitem esta forma de fazer política e se sentem à mesa uns com os outros e com a sociedade civil" para fazer avançar "medidas que mudem efetivamente a vida das pessoas e preparem o país naquilo que verdadeiramente interessa" e travar o processo de "degradação do espaço do diálogo político".

A líder da bancada do PCP, Paula Santos, criticou André Ventura pelo que considerou ser uma "provocação deplorável de quem quer ter espaço mediático", recusando que seja dado ao líder do Chega um uma "expressão mediática que só está a alimentar tudo isto".

Do PAN, a deputada única Inês de Sousa Real repudiou a atitude de Ventura pela participação na manifestação à porta do parlamento e criticou, sem nomear, o comportamento dos partidos que quiseram fazer do debate desta tarde em plenário um "espetáculo mediático", que violou o código de conduta dos deputados e comprometeu da "dignidade dos trabalhos".

"Achamos absolutamente lamentável o achincalhamento que foi feito ao longo deste debate, desviando o tema central do mesmo, que era o combate e a prevenção aos incêndios e uma proposta concreta de uma comissão técnica independente", acrescentou.

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