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Tudo o que se sabe sobre a polémica com a redução do IRS, bandeira de Montenegro contra o "esbulho fiscal"

Primeiro-ministro chamou "recordista de impostos" ao antecessor, mas só soma 200 milhões de euros ao alívio fiscal inscrito no OE2024.

16 de abril de 2024 às 14:17

A primeira polémica a envolver o novo Governo relaciona-se com uma das principais bandeiras do primeiro-ministro, Luís Montenegro: a redução do IRS.

Logo em agosto, na Festa do Pontal, em Quarteira, o presidente do PSD chamou "recordista de impostos" ao então primeiro-ministro, António Costa. "O esbulho fiscal tem de acabar", atirou.

Em setembro, o PSD propôs uma reforma fiscal, com um corte de 1200 milhões de euros no IRS em 2023, a atualização obrigatória dos escalões de IRS em linha com a inflação e o crescimento da produtividade, o IRS Jovem até 15% para pessoas até aos 35 anos, e a isenção de contribuições e impostos sobre os prémios de produtividade até ao limite equivalente a um vencimento mensal.

A governar em maioria absoluta, o PS chumbou todos os diplomas de redução do IRS dos sociais-democratas. Os socialistas criticaram o "número político" do PSD. "Quer aparecer numa foto de redução de impostos que já sabe que vai acontecer", por estar prevista no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), considerou o deputado do PS Ivan Gonçalves.

O programa eleitoral da Aliança Democrática (AD) reproduziu estas propostas, mencionando a "redução do IRS até ao oitavo escalão, através da redução de taxas marginais entre 0,5% e até 3% face a 2023, com maior enfoque na classe média". 

As medidas também constam do Programa do Governo do PSD e do CDS-PP, apresentado na quarta-feira. O alívio fiscal "vai perfazer uma diminuição global de cerca de 1500 milhões de euros nos impostos do trabalho dos portugueses", asseverou o primeiro-ministro no Parlamento.

Contudo, os 1500 milhões de euros referidos por Luís Montenegro não vão somar-se aos 1300 milhões já inscritos no OE2024, explicou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, na sexta-feira.

O PS pediu um debate de urgência sobre o alívio fiscal, considerando-o um "embuste", uma "fraude" e uma prova da "falta de credibilidade" do Governo. "Parece que o PSD e a AD andaram a prometer aquilo que já estava no Orçamento do Estado do PS", declarou Alexandra Leitão, líder parlamentar socialista, no sábado.

Simultaneamente, o Chega avançou com um pedido de audição do ministro das Finanças e da secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, no Parlamento.

Em comunicado, o Governo reiterou estar a cumprir um compromisso eleitoral. "A medida anunciada pelo primeiro-ministro é a de sempre e consistentemente a mesma" e "nenhum membro do Governo ou dos partidos da coligação que o apoia alguma vez sugeriu, indicou ou admitiu outras reduções de taxas", indicou o executivo no sábado.

O choque fiscal prometido de cinco mil milhões de euros é para acontecer até ao fim da legislatura (2028), esclareceu fonte governamental. A descida de impostos abrange 1,5 mil milhões em taxas de IRC, 500 milhões em impostos sobre a habitação e três mil milhões em IRS, repartidos por mil milhões para o IRS Jovem e outros mil milhões para os salários entregues como prémios de produtividade.

A redução do IRS vai ser aprovada na sexta-feira em Conselho de Ministros, mas carece de votação no Parlamento. O Chega já prometeu avançar com uma proposta própria. O partido presidido por André Ventura defende o aumento da redução de IRS para mil milhões de euros. 

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