Justiça esquece vítima de ‘rei Ghob’
Caso de Joana, filmada a fazer sexo, não foi incluído na acusação.
Joana Correia, 16 anos, surge em vários vídeos de cariz sexual no castelo de Francisco Leitão, em Carqueja, Lourinhã, à semelhança de outros doze jovens cujos depoimentos, gravados para memória futura, começaram na segunda-feira a ser transmitidos no julgamento, em Loures. Mas um lapso do Ministério Público fez com que o nome da jovem assassinada pelo ‘rei Ghob’ - o corpo nunca foi encontrado - não conste da lista de ofendidos. O que revolta a mãe, Fátima Correia.
"A minha filha aparece nos vídeos, tal como o namorado, que é umas das vítimas. Foram filmados sem consentimento. Nem sabiam. Para além disso não sei se a minha filha também não foi violada", disse ontem ao CM.
Francisco Leitão começou a ser julgado por 542 crimes sexuais contra 12 menores, entre 2009 e 2010. Joana desapareceu em março de 2010. Em 2012, Francisco Leitão acabou condenado a 25 anos de prisão pelos homicídios de Tânia Ramos, Ivo Delgado e Joana Correia.
Fátima Correia não recebeu qualquer indemnização. "Ele não tem dinheiro para pagar às famílias que sofrem mas tem dinheiro para pagar aos advogados", lamenta ao CM a mãe de Joana.
Certidão de óbito chega só daqui a três anos "A Joana desapareceu em março de 2010 e só daqui a três anos [por lei] é que podemos ter uma certidão de óbito", lamenta ao CM a mãe, Fátima. Em causa, o facto de os corpos de Joana, Ivo e Tânia não terem sido encontrados.
PORMENORES
Ghob em silêncio
Francisco Leitão ficou em silêncio na segunda-feira, naquela que foi a primeira sessão de julgamento no caso dos abusos sexuais sobre 12 menores.
MP reconhece lapso
Fátima Correia conta ao CM que recebeu uma carta do tribunal a reconhecer o lapso de o nome da filha não estar na lista de ofendidos. "Isto não é um lapso, é um grande erro".
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