Justiça aperta o cerco a Pinho
Ex-ministro será ouvido como arguido até dia 15.
Manuel Pinho, antigo ministro da Economia do governo de José Sócrates, vai ser ouvido pela Polícia Judiciária como arguido, até ao dia 15 de julho, no âmbito da investigação a alegados benefícios que a EDP terá conseguido com a legislação dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).
Uma das questões centrais relacionadas com o antigo governante é a criação de um curso de energias renováveis, após uma doação monetária da EDP, na Universidade Columbia, precisamente onde Pinho agora leciona. O Ministério Público suspeita de contrapartidas por decisões favoráveis à elétrica enquanto ministro da Economia, em 2007.
A ‘boa relação’ de Pinho com a universidade norte-americana resulta também das escutas do processo Operação Marquês, nas quais foi apanhado a sugerir a José Sócrates que fosse estudar para Columbia, garantindo-lhe que iria "ser bem tratado".
Contactado pelo CM, o advogado do antigo ministro, Ricardo Sá Fernandes, confirmou que foi acordado com as autoridades a comparência de Manuel Pinho na Polícia Judiciária nos próximos dias, recusando-se a revelar a data devido ao compromisso assumido.
Os investigadores suspeitam que há uma associação entre o financiamento da EDP à Universidade Columbia , onde Pinho dá aulas, e as condições que a empresa garantiu na revisão dos contratos CMEC e no alargamento das concessões das suas barragens, em 2007.
Num artigo de opinião no ‘Público, ontem, Pinho defendeu-se: "Teria bastado um telefonema para a universidade para confirmar, primeiro que não há nenhuma cátedra e, segundo, os meus salários desde 2010". O ex-ministro garante que a ideia de voltar ao meio académico não foi uma estratégia conjunta deste com a EDP.
O Ministério Público já constituiu sete arguidos, entre os quais António Mexia. Manuel Pinho será o oitavo.
O ex-ministro pediu a nulidade da constituição de arguido, esta segunda-feira, alegando que o Ministério Público não comunicou os factos pelos quais é suspeito num inquérito a eventuais crimes económicos em negócios na área da energia.
PORMENORES
Investigação alargada
Manuel Pinho diz que se fosse verdade que a EDP pagou à Universidade Columbia para o contratar, "um ex-ministro sem mérito académico suficiente de um país estrangeiro, ainda por cima com um contrato milionário", a investigação deve envolver não só o Ministério Público português, mas também o Departamento de Justiça dos EUA.
Família está a pagar
O antigo ministro da Economia de Sócrates diz que a família pagou caro o facto de alguma vez ter integrado um governo. Pinho escreveu que nunca foi, nem será, "um político" e que ter exercido um cargo político envolveu e continua a envolver "custos enormes para si e para a sua família".
Nega favorecimento
No artigo de opinião publicado no jornal ‘Público’, ontem, Manuel Pinho escreveu: "Não fui favorecido pela EDP e sempre tive o cuidado de nunca me envolver profissionalmente com a empresa. Para que fique absolutamente claro, a EDP também nunca me pagou, a mim e à minha família, viagens a grandes cidades, estadias em hotéis de 5 estrelas e avenças, nem deu empregos aos meus filhos".
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