MP quer ouvir 89 vítimas de Pedrógão Grande em tribunal
Operacionais e investigadores também vão ser chamados.
O Ministério Público de Leiria quer que 89 vítimas do incêndio de Pedrógão Grande sejam ouvidas em Tribunal, como testemunhas, durante o julgamento do processo, que tem 12 arguidos, acusados de um total de 694 crimes de homicídio por negligência e de ofensas à integridade física.
Através do depoimento das vítimas, parte das quais familiares de mortos ou de outros feridos causados pelo incêndio, o Ministério Público pretende garantir a "prova dos factos" descritos na acusação. Foram ainda arroladas mais 139 testemunhas, entre operacionais envolvidos no combate às chamas, professores que participaram na investigação e outras pessoas que tiveram conhecimento das circunstâncias da deflagração do incêndio.
As 63 mortes consideradas na acusação – há mais três mortes que ficaram fora da acusação – são descritas ao longo de 116 pontos, constituindo um relato arrepiante. As páginas seguintes são dedicadas aos feridos, que viveram momentos de angústia e sofrimento, à mercê das chamas e do calor.
É o caso de um morador em Sarzedas do Vasco, que se atirou a um tanque, porque "o calor emanado pelo incêndio provocou a combustão da camisola que vestia". Sobreviveu, mas ficou com cicatrizes.
A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande disse esta sexta-feira que a acusação é "inédita", "corajosa mas não destemida". Considera-a "um documento pedagógico para gestores, políticos, dirigentes e funcionários públicos."
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