Rui Lucas morreu às mãos dos terroristas no Sri Lanka. Português de 31 anos estava em lua de mel
Igrejas e hotéis de luxo foram alvo de oito explosões que mataram pelo menos 290 pessoas.
Rui Lucas casou no sábado, 13 de abril, em Viseu, de onde era natural, estava em lua de mel com a mulher no Sri Lanka quando uma das investidas terroristas do passado domingo o matou.
O engenheiro eletrotécnico de 31 anos é uma das 290 vítimas mortais registadas este domingo - Domingo de Páscoa - no brutal ataque terrorista que culminou com oito explosões em igrejas e hotéis de luxo no Sri Lanka. No sangrento ataque, mais de 500 pessoas ficaram feridas.
A mulher, Sílvia Ramos, sobreviveu aos atentados, que ainda não foram reivindicados, mas que tudo aponta para que tenham sido levados a cabo por radicais islâmicos. O casal estava alojado no hotel Kingsbury, em Colombo, capital do Sri Lanka.
"Falámos com a Sílvia que desejava regressar este domingo a Portugal, mas o aeroporto foi encerrado por questões de segurança e por isso não há data prevista para o regresso", complementou.
A trasladação do corpo não tem para já data prevista. Certo é que os custos a ela associados vão ser garantidos pelo Estado português.
Para já, 24 pessoas foram detidas por estarem ligadas a este ataque terrorista que, para além de cristãos, hóspedes e turistas estrangeiros, matou também três polícias durante uma operação realizada numa casa, em Colombo, umas horas depois das explosões.
O Governo do Sri Lanka decretou estado de emergência no país, e a polícia impôs o recolher obrigatório. Este foi o mais mortífero ataque no país desde a guerra civil no Sri Lanka, que terminou em 2009.
Recorde-se que esta segunda-feira, uma nova explosão ocorreu junto à Igreja de Santo António, no Sri Lanka.
Marcelo transmitiu "calor" e apoio à viúva portuguesa
Marcelo Rebelo de Sousa falou este domingo, ao telefone, com a viúva de Rui Lucas. "Quis transmitir-lhe, à distância, o calor de todos os portugueses perante uma situação triplamente dolorosa. Pela morte do marido; pelo dia em que ocorreu, que devia ser de paz e de vida; e pelo momento que viviam [lua de mel]", disse o Presidente.
PORMENORES
Ataques a muçulmanos
Numa aparente retaliação pelos ataques a igrejas, uma mesquita foi atacada em Puttalam e foram também atacadas duas lojas de muçulmanos em Kalutara.
Polícias mortos em buscas
Três polícias foram mortos na tarde deste domingo durante buscas numa casa horas após os atentados. A oitava explosão noticiada terá sido nessa casa.
Vítimas estrangeiras
Além do português, foi confirmada a morte de cinco britânicos, três dinamarqueses, três indianos e dois turcos. Há ainda chineses e holandeses entre os mortos nos atentados.
Ataque em Batticaloa
Um ataque a uma igreja de Batticaloa, no leste do Sri Lanka, terá matado este domingo pelo menos 25 pessoas, referiram meios de comunicação do país.
Turistas visados
Os hotéis atacados foram o Shangri-La, o Kingsbury, o Cinamon Grand e o Tropical Inn. Não havia este domingo confirmação oficial de vítimas nos hotéis.
Governo tem ‘lista negra’ de países não recomendadosO Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) repudiou os ataques. "O Governo português lamenta profundamente a morte do cidadão português que se encontra entre as vítimas dos atentados (...) e expressa as condolências à família".
Logo após os ataques, o MNE, através do seu site, desaconselhou "todas as viagens ao Sri Lança até publicação de novo aviso". O Governo junta assim este país asiático a uma ‘lista negra’ de destinos, onde se inserem outros países marcados pela guerra, por atentados terroristas e instabilidade política.
Afeganistão, República Centro Africana, Iraque, Iémen, Líbia, Somália, Sudão do Sul, Síria e Paquistão são alguns dos países para os quais o MNE desaconselha qualquer viagem, seja em turismo ou mesmo em trabalho.
Existem outros destinos onde o Governo pede cautelas nas visitas, casos de Irão, Líbano, Mali, Haiti, Tunísia e Argélia, entre outros. Se quiser saber se o seu destino tem alguma recomendação por parte do Governo, aceda ao site: www.portaldascomunidades.mne.pt
Estatísticas
No ano passado, ocorreram 86 incidentes verificados de discriminação, ameaças e violência contra cristãos, segundo a Aliança Evangélica Cristã Nacional do Sri Lanka (NCEASL), que representa mais de 200 igrejas e outras organizações cristãs. Este ano, o NCEASL registou 26 desses incidentes, incluindo um em que monges budistas tentaram interromper um culto de domingo, com o último relatado a 25 de março. Fora da população total do Sri Lanka, de cerca de 22 milhões, 70% são budistas, 12,6% hindus, 9,7% muçulmanos e 7,6% cristãos, de acordo com o censo de 2012 do país. Num relatório de 2018 sobre os direitos humanos do Sri Lanka, o Departamento de Estado dos EUA verificou que alguns grupos cristãos e igrejas relataram ter sido pressionados a acabar com as atividades de adoração depois de as autoridades classificaram-nas como "reuniões não autorizadas". O relatório referiu também que os monges budistas tentam regularmente fechar os locais de culto cristão e muçulmano.
Este ano, o NCEASL registou 26 desses incidentes, incluindo um em que monges budistas tentaram interromper um culto de domingo, com o último relatado a 25 de março. Fora da população total do Sri Lanka, de cerca de 22 milhões, 70% são budistas, 12,6% hindus, 9,7% muçulmanos e 7,6% cristãos, de acordo com o censo de 2012 do país.
Num relatório de 2018 sobre os direitos humanos do Sri Lanka, o Departamento de Estado dos EUA verificou que alguns grupos cristãos e igrejas relataram ter sido pressionados a acabar com as atividades de adoração depois de as autoridades classificaram-nas como "reuniões não autorizadas".
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