Ida a ópera de reclusos retira guardas da vigilância

Greves mantêm-se em quatro prisões e chefes paralisam dia 17. Empenho de guardas em ida a ópera denunciado por sindicato, que está apreensivo quanto ao futuro.

10 de julho de 2025 às 01:30
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As prisões portuguesas estão a ferro e fogo e os representantes dos guardas estão pessimistas com o futuro da segurança. O Sindicato Nacional da Guarda Prisional mantém ativas quatro greves locais (Linhó, Alcoentre, Hospital-Prisão de Caxias e Lisboa), enquanto a associação sindical das chefias vai realizar uma paralisação nacional a 17 de julho, para a qual prevê adesão significativa. A falta gritante de efetivos (1500 guardas e 268 chefes) é o principal problema, com uma das estruturas sindicais a apontar uma iniciativa na prisão de Leiria-Jovens como exemplo da má gestão de efetivos.

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A 19 de julho, está previsto que 19 presos da cadeia de Leiria-Jovens atuem num concerto de ópera no centro da cidade. "Irão pelo menos 10 guardas da cadeia vigiar os presos e ainda o Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais garantir a segurança da periferia. Na prisão ficam ainda menos guardas, a garantir a gestão diária. Não compreendemos como, num momento de quebra de segurança nas prisões, isto ainda pode acontecer", disse ao CM Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional da Guarda Prisional (SNGP). Os Serviços Prisionais não responderam, em tempo útil, à questão do CM sobre este assunto.

A ministra da Justiça, Rita Júdice, admitiu, entretanto, a falta de guardas, em particular no momento da fuga de Alcoentre. "Confirmo que não havia vigilância na torre e não havia ninguém no sistema de CCTV", explicou. Perante a falta de efetivos, Rita Júdice anunciou que o período de recreio em Alcoentre será reduzido numa hora. "Há 4 milhões de euros para que as prisões possam realizar obras mais urgentes. Além disso, vai começar a formação dos 68 candidatos aprovados do curso de formação de guardas com 225 vagas", acrescentou a ministra da Justiça.

Os sindicatos dos guardas, no entanto, pedem urgência na adoção de medidas. "Queremos acordos parlamentares para que o sistema prisional seja reformado. Prevemos adesão significativa à paralisação de 17 de julho", disse ao CM Hermínio Barradas, presidente do sindicato de chefias. Já Frederico Morais, presidente do SNGP, recorda que em 2 semanas, "ocorreram fugas consumadas em Sintra e Alcoentre, com os presos já recapturados, e em Paços de Ferreira, com um recluso a escapar quando ia fazer um exame médico, com a recaptura a ser possível com a ajuda da GNR". "Em nenhuma destas prisões houve reforço de efetivos. Não garantimos que não hajam mais fugas", concluiu Frederico Morais.  

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Preso pontapeia outro em recreio de prisão

Um recluso da cadeia masculina de Santa Cruz do Bispo, no Porto, agrediu de forma bárbara outro preso no recreio da prisão. Imagens da videovigilância dos Serviços Prisionais mostram-no  o agressor a dar um pontapé na cara do outro e ainda a cuspir e a urinar na vítima. Só cinco dias após os factos é que, apurou o CM, o preso, conhecido como 'Baiano', foi colocado numa cela disciplinar. 

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