Ninguém segura o fogo que começou em Piódão
Nasceu a 13 de agosto e não parou de crescer, até se transformar no maior fogo florestal de sempre.
“Há incêndios que nascem para serem grandes, diz Paulo Fernandes, investigador na área de engenharia florestal da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Mas o de Piódão nasceu para ser gigante. Começou a 13 de agosto e ninguém mais o seguro. Saltou para Arganil e foi por ali fora, estendendo-se aos concelhos de Pampilhosa da Serra, Oliveira do Hospital, do distrito de Coimbra, alastrou para Seia, no distrito de Guarda, e seguiu para o distrito de Castelo Branco, pintando de negro os concelhos da Covilhã e, sobretudo, o Fundão. O último balanço apontava para 54 000 hectares floresta consumidos.
O maior incêndio de sempre desde que há registo. E continua a dar trabalhos aos bombeiros e a assustar quem o vê aproximar-se, umas vezes mais devagar, outras mais depressa, consoante a velocidade e direção do vento, como aconteceu esta quinta-feira em Alpedrinha e Castelo Novo. "É o deixa arder. Andámos aqui a noite toda e pelo dia fora e só contamos connosco" diz António Fonseca, morador em Alpedrinha, enquanto olha as chamas que correm pela serra da Gardunha abaixo. Fernando Cunha, emigrante em França e de férias na região, também via a coisa feia. "Os bombeiros não conseguem ir lá acima, mas os aviões é os helicópteros apagavam aquilo num instante", diz. Do mesmo mal se queixava o presidente da câmara do Fundão. Estava previsto a entrada em ação dos meios aéreos.
Às oito da manhã, mais duas horas e meia depois continuavam sem dar sinais de vida. “São 12h30 e não está nenhum meio aéreo a atuar”, lamentava o presidente da autarquia, Paulo Fernandes.
Incompreensível, nas palavras de António Magalhães, de Alpedrinha, que tem vivido os últimos dias com o coração nas mãos. "Se o vento muda é uma gaita. Mas é impressionante, podiam apagar isto num instante e não fazem nada. Dizem que andam por aqui 25 aviões e nós não vemos nenhum no ar", critica.
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