Bomba faz dois feridos

O desafio de juntar a pólvora de 200 foguetes num cocktail explosivo saiu caro a dois jovens, de 16 e 25 anos, residentes no Vale do Horto, Leiria, que foram atingidos pelo rebentamento, sofrendo ferimentos graves. Um deles está em perigo de vida, o outro deverá ficar cego de um olho.

22 de fevereiro de 2007 às 00:00
Bomba faz dois feridos Foto: Ricardo Graça
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A noite de terça-feira de Carnaval estava a terminar quando um grupo de jovens – quatro ou cinco, segundo algumas testemunhas – se juntou na “rotunda do rancho”, no Vale do Horto, para estoirar o engenho artesanal.

“No ano passado abriram as bombas de 90 morteiros, compradas num fogueteiro da zona, juntaram a pólvora numa folha de jornal, acrescentaram um pequeno rastilho e atearam fogo”, contou Gonçalo Ferreira, morador na localidade, adiantando que a explosão foi tão forte que abriu um buraco num dos candeeiros de iluminação pública e derrubou o muro de uma propriedade.

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Para este ano, o desafio era aumentar a potência do engenho, juntando a pólvora de 200 morteiros, para estoirar no último dia de Carnaval. O cocktail foi preparado para rebentar antes da meia-noite, o que aconteceu, e o estrondo causado pelo rebentamento ouviu-se a vários quilómetros de distância.

Só que, além da elevada perigosidade do seu manuseamento, o tempo que o cocktail demora a explodir, após o rastilho ser ateado, é muito curto. “São menos de dez segundos, não dá tempo para fugir”, contou Gonçalo Ferreira, deixando um desabafo: “Já imaginava que isto ia acabar mal.”

Não é pois de estranhar que os dois jovens não tenham tido tempo de se afastar da bomba, tanto mais que poderá ter havido um segundo rebentamento. Um morador nas proximidades da rotunda garante ter ouvido duas explosões fortes.

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Outros elementos do grupo terão sido atingidos nas pernas pelos estilhaços do rebentamento, embora de forma ligeira, optando por se refugiar em casa.

“Foi um estoiro muito forte e longo, a minha cama abanou toda e eu cheguei a pensar que a explosão tinha acontecido no meu quintal”, contou Graça Silva, que reside próximo da rotunda.

Outro morador no Vale do Horto, que não se quis identificar, garantiu que “continuaram a deitar bombas até às duas da madrugada, mas aquele estoiro, por volta das 23h00, foi o mais forte de todos”.

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QUEIMADURAS E FERIMENTOS MUITO GRAVES

Os dois jovens sofreram ferimentos graves e o mais novo está em perigo de vida. Edgar, de 25 anos, sofreu queimaduras nas mãos e no rosto, mas o mais grave foi o estilhaço que o atingiu no olho direito e terá causado danos irreversíveis. Está internado no serviço de Oftalmologia do Hospital dos Covões, em Coimbra.

Vítor Faustino, de 16 anos, sofreu ferimentos graves no tórax e no abdómen que atingiram os pulmões e outros órgãos vitais, além de queimaduras na cara e nos braços. Está internado em estado crítico na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santo André, em Leiria.

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VÍTIMA PROJECTADA A 20 METROS

INVESTIGAÇÃO

A GNR de Leiria já participou os factos ao Ministério Público e está a elaborar o respectivo inquérito. Num contacto breve no hospital, os jovens contaram que tinham rebentado uma bomba.

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SANGUE

Na rotunda onde se deu o rebentamento havia vestígios de sangue em vários locais. Admite-se que a explosão tenha projectado um dos feridos para junto de um muro, a 20 metros de distância.

SOCORRO

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Os feridos foram assistidos no local pela equipa médica de serviço à Viatura de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de Leiria e pelos Bombeiros Voluntários da Maceira e de Leiria.

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