Bava e Granadeiro atrasam investigação da Operação Marquês
Há quatro pedidos de cartas rogatórias do Ministério Público que estão por responder.
Há quatro cartas rogatórias enviadas pelo Ministério Público no âmbito da Operação Marquês que ainda não têm resposta. A procuradora-geral da República tem dado indicações para que a acusação seja concluída a 17 de março, mas há dados relativos às suspeitas de pagamentos de luvas nos negócios da PT – que envolvem, além do ex-primeiro-ministro José Sócrates, o antigo administrador da CGD Armando Vara e os ex-gestores da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro – que a investigação considera cruciais para demonstração da prova.
Duas das cartas rogatórias foram enviadas para a Suíça, com pedidos de informação bancária e documental sobre os mais de 40 milhões de euros – mais de 20 milhões cada – que Bava e Granadeiro terão recebido através do saco azul do GES, a Espírito Santo Enterprise.
Tal como o CM avançou, os dois gestores foram confrontados com as verbas durante a inquirição do Ministério Público e terão justificado alguns dos valores. Mas os elementos pedidos à Suíça são essenciais para demonstrar que os pagamentos estarão relacionados com alguns dos negócios mais relevantes da operadora: o chumbo da OPA da Sonae à PT, o ‘spin off’ da PT Multimedia e a venda da Vivo à Telefónica com a posterior compra da Oi.
O CM sabe que a segunda carta rogatória enviada para a Suíça está relacionada com um pedido de documentação sobre estes negócios e que foi remetida muito recentemente. Bava e Granadeiro foram inquiridos e constituídos arguidos na passada sexta-feira.
Outro dos pedidos remetidos teve como destino Londres e está relacionado com as verbas transferidas para contas de Armando Vara, que, à época do chumbo da OPA da Sonae à PT, era administrador da CGD. O banco era acionista da operadora e a recusa do negócio terá merecido a influência do Governo. A investigação acredita que José Sócrates e os restantes acionistas de referência da PT – como era o BES, de Ricardo Salgado – terão usado a CGD como força de bloqueio.
O último pedido de informação das autoridades judiciais foi encaminhado para Angola, mas é pouco crível que venha a ser dada resposta por aquele país. A investigação acredita que as cartas rogatórias enviadas para a Suíça terão resposta no espaço de um mês a mês e meio.
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