Caso Rui Pedro: Irmã afastada para poder sobreviver

Afastada de toda a tragédia, Carina viveu sempre no seu próprio mundo. Durante 13 anos, acompanhou de longe todas as pistas que a família seguiu para tentar encontrar o seu irmão, Rui Pedro, que desapareceu de Lousada em Março de 1998, e recusou-se sempre a falar sobre o que aconteceu. Só assim conseguiu sobreviver e ter forças para cuidar da mãe, Filomena.

10 de novembro de 2011 às 01:00
rui pedro, filomena, desaparecimento Foto: d.r.
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"Ela tentou não se envolver, e nós sempre a protegemos. A Carina adorava o Pedro, e pensa nele todos os dias, mas teve de se afastar. Só assim conseguiu seguir com a sua vida", explicou ao Correio da Manhã Manuel Mendonça, pai da jovem.

Aluna brilhante, actualmente no 5º ano do curso de Medicina da Faculdade do Porto, a jovem de 22 anos desdobra-se em cuidados com a mãe. Os papéis invertem-se na maioria das vezes, e Carina tem para com Filomena comportamentos maternais. É ela quem cuida da medicação e que ampara a mãe nos momentos de maior sofrimento.

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"Muitas vezes a Carina é que é a mãe e a Filomena a filha. Ela cuida dela todos os dias, dá-lhe os medicamentos e ajuda-a muito quando a esperança parece desvanecer", contou ao CM um familiar.

Embora afastada do caso, a jovem não esconde o sofrimento por que passa a família. O frágil estado de saúde da mãe causa-lhe uma enorme dor. Todos os dias Carina vê a mãe logo pela manhã a rezar e a chorar no quarto vazio de Rui Pedro.

"Nós não falamos sobre o que aconteceu. Sofremos muito estes anos todos, mas a Carina nunca tocou no assunto, e eu sempre respeitei isso. Acho que no fundo ela finge que tudo continua na mesma e que um dia o irmão vai voltar", disse João André, primo da jovem.

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FILOMENA GUARDA EM PASTAS DOCUMENTOS SOBRE O FILHO

Filomena guarda no quarto de Rui Pedro várias pastas que contêm inúmeros documentos relacionados com o desaparecimento. Nas pastas estão guardadas fotografias, cartas com pistas e documentação que diz respeito à investigação da Polícia Judiciária. No quarto de Rui Pedro estão também armazenados diversos jornais e revistas em que se fala do caso de Rui Pedro e do seu desaparecimento.

O quarto do menor continua intacto. Para além das pastas, Filomena apenas colocou na divisão uma Bíblia, velas e algumas imagens de santos. Todos os dias de manhã, dirige-se àquele local, chora muito e reza sempre a mesma oração: o Salmo da Esperança.

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