Cavaleiro despede-se de cavalo que teve de mandar abater após noite trágica em Coruche
João Moura Júnior confessa que noite em que perdeu Xeque-Mate foi a "pior" da sua vida.
"Os titãs também caem". Foi com um longo texto nas redes sociais que o cavaleiro João Moura Júnior se despediu de Xeque-Mate, um dos principais cavalos da sua quadra que foi abatido na sequência da grave colhida sofrida por ambos na corrida de touros de Coruche, domingo.
O animal, com ferro Romão Tenório, sofreu uma fratura exposta e foi abatido após validação veterinária, por danos irreversíveis. "Meu querido Xeque-Mate, os grandes merecem grandes homenagens, contigo levas uma parte muito importante de mim", confessou.
"A noite de Coruche foi a pior vivida em toda a minha carreira enquanto cavaleiro, enquanto homem, enquanto amante dos animais e, sobretudo, enquanto fiel amigo dos meus cavalos", escreveu o cavaleiro de Portalegre, recordando que as recomendações do médico veterinário foram no sentido de abater o cavalo para "eliminar o seu sofrimento e assim garantir o seu bem estar".
Moura Júnior diz ter perdido um "companheiro" com quem trabalhava "há quase 10 anos, todos os dias" e com o qual criou "fortes laços e sentimentos".
"Jamais imaginei que seria o cavalo sonhado, tal como foi", acrescentou o filho de João Moura, assumindo que "a sua doma não foi fácil, pois corria-lhe muito sangue naquelas veias".
"Quando começou a tourear comigo, ainda jovem e no ´tércio' de saída, era aquele cavalo que ao entrar em praça dava um suspiro forte e sentido... como se estivesse a dizer 'estou pronto! vamos a todas!?", contou o cavaleiro: "Juntos corremos quase todas as praças de Portugal, de Espanha e de França, as praças mais importante do mundo, os dois, mano a mano..."
O cavaleiro, que garante ter aprendido com Xeque-Mate, assegura que o cavalo era o "seu seguro de vida".
"Transmitia-me tranquilidade", escreveu também, antes de deixar agradecimentos a Francisco Romão Tenório, à família, equipa médica, outros cavaleiros e forcados presentes na corrida pelo apoio e ajuda "a facilitar os últimos momentos do Xeque-Mate.
Na missiva de despedida ao seu cavalo, João Moura Júnior deixou ainda uma palavra "amiga e de ânimo" à cavaleira Ana Baptista e aos forcados que também foram colhidos na corrida de domingo.
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