Chefe do Exército alerta para "risco real" na República Centro-Africana
General Mendes Ferrão pede aos militares que "olhem uns pelos outros". Portugal vai enviar a 17.ª força desde 2017.
O Chefe do Estado-Maior do Exército, general Eduardo Mendes Ferrão, alertou os 215 militares que dentro de semanas partem para a República Centro-Africana, como 17.º Força Nacional Destacada para a missão das Nações Unidas em que Portugal participa desde 2017, que "haverá momentos de tensão" e "haverá momentos de risco real", porque "se conhece bem a exigência da missão, as dificuldades operacionais que vão enfrentar, e a importância de estarmos bem física e psicologicamente". Assim, pediu que se mantenham "coesos" e com o espírito "firme". "Olhem todos uns pelos outros. Cuidem do camarada que está ao lado. Todos nós. Não há heróis nestas coisas", afirmou esta sexta-feira, em Aveiro, na entrega do estandarte nacional à força.
Mendes Ferrão recordou que a força, composta na maioria por paraquedistas de Aveiro e com três elementos da Força Aérea, comandados pelo tenente coronel Rui Borges, teve um "treino intenso e rigoroso, da disciplina, da competência técnica e tática". Na RCA, vai continuar a desempenhar "funções de grande exigência e elevado risco, com resultados amplamente reconhecidos tanto pelas autoridades locais como pelas estruturas internacionais presentes."
O general, que cumpriu um ano como segundo comandante da missão da ONU na RCA, afirmou que os miliares portugueses são "sobretudo reconhecidos pelas populações". "Onde nós chegamos, as pessoas sentem-se em segurança. Mas também somos temidos por aqueles que os ameaçam. Temos uma vertente humana muito grande, mas temos uma capacidade operacional que impõe respeito àqueles que querem fazer o mal", destaca.
Num país onde "o luxo é ter que andar dois quilómetros para encontrar um furo com água potável", terão sempre "a família e amigos", que podem "contar com o Exército para apoiar". "Temos de nos valer todos uns aos outros. Esse é que é o número da força: todos juntos, não deixamos nenhum para trás", disse o general.
O Exército contribui atualmente para missões em 13 países.
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