Corujas nascem em Lisboa
É a mais recente atracção da Avenida da Liberdade, em Lisboa. Um casal de corujas do mato e duas crias habitam nas árvores existentes em frente ao Hotel Tivoli. As duas crias nasceram há três semanas, abandonaram entretanto o ninho e dormem durante todo o dia num galho de árvore a cerca de 15 metros de altura.
A dois metros, a mãe dorme noutro ramo. Assim, passam os dias indiferentes à grande agitação que ocorre cá em baixo, com a circulação diária de milhares de carros e pessoas.
Ricardo Tomé, membro da Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves, defende que o macho deve andar por perto. “Possivelmente o outro membro do casal deverá estar noutro ramo mais afastado não sendo fácil de identificar.”
OLHA O PASSARINHO
Esta dádiva da natureza é inédita no centro da cidade. E rapidamente a chegada de novos residentes à avenida correu de boca em boca. Hoje, as pessoas passam, olham e procuram entre os ramos das árvores encontrar as duas crias, cuja penugem cinzenta e de menor dimensão denunciam o escasso tempo de vida. E, claro, também os seus pais são alvo de atenção.
A busca nem sempre é concluída com êxito. Os animais possuem uma cor que os confunde com a tonalidade dos ramos e não permanecem sempre na mesma árvore.
Como aves de rapina nocturnas que são, dormem todo o dia e dedicam-se a caçar pela noite. Perante a condicionante de as crias terem escassas semanas, durante o dia dormem numa área não muito distante de onde foi feito o ninho.
Ricardo Tomé entende que “as aves terão nascido em alguma das árvores da Avenida de Liberdade ou então em algum buraco dos prédios vizinhos”, muitos dos quais estão devolutos.
O especialista acrescenta que o seu território deverá estender-se a uma área mais vasta, que terá como limites o Jardim Botânico.
“Será um dos poucos casais que vive no centro da cidade. E penso ser inédito haver conhecimento de um casal que nestas condições se tenha reproduzido.”
DO BOSQUE À CIDADE
Fora do centro, a coruja do mato é um animal frequente. Habita nos bosques que rodeiam o estuário do Tejo, nomeadamente em Monsanto.
José Firme, porteiro do Hotel Tivoli, foi um dos primeiros a ter tido a oportunidade de observar as corujas. “É bonito de se ver. Há vários anos que aqui trabalho e nunca vira nada de semelhante.”
Indiferentes à curiosidade dos humanos, as aves permanecem estáticas enquanto dormem empoleiradas nas árvores. E nem o atrevimento de alguns pardais e pombos mais audazes nas aproximações lhes tira o sono.
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