Enfermeiros em greve e em luta por 216 milhões de euros
Paralisação cancelou ontem 261 cirurgias só em 5 hospitais da região Norte.
O Ministério da Saúde diz que os aumentos salariais pedidos pelos sindicatos dos Enfermeiros teriam um impacto financeiro estimado de 216 milhões de euros. Este foi o valor que, na quarta-feira, impediu o acordo e levou a que os enfermeiros avançassem com a segunda greve cirúrgica.
Assim, os enfermeiros voltaram a paralisar os blocos operatórios, desta vez em sete hospitais públicos: Centro Hospitalar S. João (Porto), CH e Universitário do Porto, CH de Entre Douro e Vouga (Santa Maria da Feira), CH Gaia/Espinho, CH Tondela/Viseu e hospitais de Braga e Garcia de Orta (Almada).
Entre os dias 8 e 28 a greve vai abranger mais hospitais: o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Lisboa Norte e o Centro Hospitalar de Setúbal. Ao todo serão dez os centros hospitalares que vão enfrentar mais uma paralisação nos blocos operatórios.
Fonte do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) disse que a greve desta quinta-feira teve uma adesão de 100 por cento. Segundo a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), foram adiadas 261 cirurgias em cinco hospitais do Norte.
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse numa entrevista à RTP, na quarta-feira à noite, que equacionava usar meios jurídicos perante a nova paralisação. A requisição civil é uma das hipóteses. Para Marta Temido, a greve levanta "um aspeto muito sério sobre questões éticas e deontológicas".
"O que está em causa é o que este exercício poderá afetar", disse, referindo que a última greve cirúrgica, entre 22 de novembro e 31 de dezembro, levou ao adiamento de 7500 operações. A segunda greve cirúrgica avançou porque falhou o consenso quanto ao descongelamento das progressões e à antecipação da idade de reforma.
Marcelo diz que vai esperar para ver "o que vai dar"
O Presidente da República disse esta quinta-feira que "foram composições muito diferentes" que votaram o atual quadro legal na Saúde (1990, 2002 e nos últimos dois anos)."Vou esperar para ver o que é que o processo vai dar", disse, sobre a Lei de Bases da Saúde.
Serviços mínimos limitam ação
Garcia Pereira, especialista em direito do trabalho, disse que, cumprindo- -se os serviços mínimos, não se encontra qualquer possibilidade jurídica de contrariar uma greve, que é um direito fundamental e cujas restrições não estão legalmente previstas.
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